Tuesday, September 9, 2008

Correndo pela paz




Provavelmente, você nunca verá os pilotos Rashid Nashashibi e Aric Lapter na Fórmula 1, nem se destacando por seus resultados. Mas eles são pilotos que merecem muito mais atenção do que Hamilton ou Massa.

Ambos são amigos e companheiros de equipe – a equipe tem apenas um carro, que eles dividem. Rashid é formado em ciências da computação, Aric é engenheiro. Rashid é palestino, Aric é israelense.

A equipe se chama Racing4Peace (“correndo pela paz”, em inglês), o que deixa claro que os resultados que ambos almejam nem sempre são conquistados na pista. Segundo o site deles, a principal meta é “dar um bom exemplo de que palestinos e israelenses podem conseguir muito mais trabalhando juntos do que brigando entre si”.

A categoria
A Racing4Peace tem dois pilotos, um carro e nenhum dinheiro. Através de doações, eles tentam angariar US$ 100 mil para correr o campeonato britânico de Fórmula Vê, o necessário para arcarem com o custo da categoria e com as despesas da vida na Inglaterra.

A Fórmula Vê é uma categoria de baixíssimo custo que usa motorização, cambio e suspensão de Fusca (isso mesmo!) e chassis de fabricação própria, ou seja, não padronizada, sem fornecedores oficiais.

O motor do carro de Racing4Peace veio de um velho ‘Beetle’. O chassis, Aric projetou, e convidou Rashid para tentar a sorte.

As condições
Não há autódromos em Israel. Para treinar, Rashid e Aric usam uma faixa de asfalto como pista, dividindo-a com cones e, eventualmente, até alguns animais.

Em Israel, não há autódromos e umas poucas pistas de kart. Uma delas é a de Latrun, onde os dois parceiros se conheceram. Também é o lugar onde Rashid dá aulas semanalmente para um grupo de jovens kartistas, transmitindo o conhecimento que ele recebeu em competições internacionais de kart mundo afora, inclusive colecionando resultados razoáveis.

Se conseguirem ingressar na Fórmula Vê britânica, cada um pilotará metade da temporada, e é óbvio que, nas condições em que eles correm, vitórias são pouco menos que inesperadas. A maior vitória, no entanto, é ver que existe gente que prefere sujar as mãos com graxa, e não com sangue. Prefere pegar no volante, e não em armas. E prefere correr em vez de matar.

Quem diria que o automobilismo virou um esporte politicamente correto...

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