Monday, September 22, 2008

Colin Chapman, inventor da publicidade


Talvez esta história seja notória para a maioria dos leitores. No início da temporada européia e 1968, a Lotus surpreende a todos ao romper com as estritas regras de pintura dos carros de acordo com o país dos pilotos ou fabricantes, para estampar a marca de cigarros Gold Leaf.

É a primeira vez, na Fórmula 1, que firma-se um acordo publicitário com uma empresa fora do ramo automobilístico.

Contando-se a história desta forma, Colin Chapman parece ser um visionário, um homem à frente de seu tempo... e talvez até seja. Sem dúvida, ele demonstrou ser um ótimo empresário ao ser o primeiro a desbravar esta fonte de receita – que se alastrou no automobilismo como fogo.

Aí entra-se na parte interdita da história. Já comentei em vários outros posts que não gosto de ver o automobilismo como um mundo voltado para si mesmo, fechado, sem oxigenação. E encontrei num livro do sociólogo francês Philippe Breton (“A argumentação na comunicação”) algo que nos faz pensar sobre Chapman e os cigarros. Diz ele, sobre os anos 60 do século XX:

Esta década foi, ao mesmo tempo, o momento em que se começou a tomar consciência da importância e do poder das técnicas de influência e persuasão ajustadas ao longo do século e a época em que a publicidade começou a invadir com força a paisagem social e cultural.

Desde quando li isso, desconfio um pouco das interpretações personalistas que emprestam ao automobilismo. Quando se imagina que o automobilismo encerra-se em si mesmo, fica difícil perceber, por exemplo, o quanto Chapman foi menos criador e mais um grande observador de seu tempo.

Além disso, tudo leva a crer que a Fórmula 1 descobriu a publicidade muito tardiamente.

O Ministério da Saúde Adverte
Ao mesmo tempo em que crescia a publicidade, as propagandas de cigarros começavam a sofrer, tímidas, as suas primeiras restrições. No automobilismo, elas encontraram o nicho perfeito para estamparem suas marcas, pois era uma maneira de fugir destas. Afinal, se uma revista estampar a foto de uma Lotus com o logotipo da Gold Leaf ou da John Player Special, isto não vai ser considerado publicidade, certo?

Certo. Entretanto, hoje em dia, as revistas francesas são obrigadas a apagar digitalmente todas as referências ao tabaco das fotos que publica, mesmo as antigas. A Fórmula 1 fechou seu ciclo do cigarro, e, ao que parece, saiu dele incólume.

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