O Ford Maverick, nasceu nos EUA, em 1969, concebido para combater a invasão de europeus e japoneses no mercado americano, foi considerado o "anti-fusca", como o modelo que tiraria compradores da Volkswagen. No período em que o carro alemão foi planejado, suas vendas cresciam a passos largos, com vendas superiores a 300.000 unidades anuais, e em 1968 chegavam a quase meio milhão, era o início da invasão de carros baratos, de fácil manutenção e muito mais práticos no dia-a-dia. Foi nesse cenário que, em 17 de abril de 1969 surgiu o Ford Maverick. A receita era simples: um carro compacto de manutenção simples e barata, fácil de manobrar. Com aparência inspirada no Mustang, a idéia era identificá-lo como um carro para a família, prático, moderno e econômico, com um leve toque esportivo. Em seu primeiro ano vendeu 579.000 unidades -- 5.000 a mais que o Mustang em seu primeiro ano de vendas! A Ford do Brasil possuía, no fim dos anos 60, dois automóveis de sucesso, o Corcel e o Galaxie. O primeiro, baseado no Renault 12, tinha dado seus primeiros passos com bastante defeitos, rapidamente revistos, tornando-se bastante popular. Já o Galaxie, bastante opulento, com conforto e qualidade ímpares reinava quase que absoluto no nicho de carros de luxo. Com apenas esses dois modelos tendo uma boa aceitação comercial, foi desenvolvida uma pesquisa pela Ford do Brasil para o lançamento de um novo modelo que pudesse "substituí-los" com tal qualidade. Foi assim que em maio de 1973, no salão do Automóvel, foi lançado no Brasil o Maverick nas versões Super, Super Luxo e o cobiçado GT 302 V8.
Modelos
Em seu lançamento nos Estados Unidos, a Mercury divisão da Ford, desenvolveu dois modelos o Comet e o Grabber com motor de 6 cilindros em linha, de 2,8 e 3,3 litros de cilindrada, e no segundo ano, chegavam os modelos equipados com motor V8, fazendo com que o carro caísse no gosto do consumidor norte-americano. Surgiram também acessórios como freios a disco, ar condicionado, câmbio automático e direção assistida.
Em 1971 a Mercury lançava o Comet com opção de motores maiores e acabamento mais luxuoso. Surgia também a versão quatro-portas, com distância entre eixos maior, para ganho de espaço traseiro. A vocação esportiva foi explorada com modelos Grabber, Stallion, Sprint, e Comet GT.
O Maverick americano, após longo período sem atualizações, recebia seu golpe final pela própria criadora. Ao colocar produtos mais modernos, competindo no mesmo espaço de mercado, a Ford pôs fim em 1977 a sua carreira de sucesso com mais de 2,5 milhões de unidades vendidas.
O Maverick foi lançado no Brasil, em maio de 1973, no Salão do Automóvel e tambémsurgiu inicialmente, como nos EUA, em dois modelos: o cupê de seis cilindros commotor do Aero-Willys evoluído e o GT V8 de 4,95 litros. Os carros médios da Ford noBrasil, era preenchido pelo Aero-Willys e Itamaraty, estes carros eram de prestígio,luxuosos, mas já mostravam sinais de desatualização, pois seus projetos datavam dadécada de 50. Na realidade esses modelos eram baseados em outros modelos muitoantigos e precisavam rapidamente de um substituto, pois a concorrência preparava sua investida no mercado de carros médios.O Maverick não disfarça sua origem norte-americana, que ressalta nas linhasrebuscadas da carroceria, onde um amplo capô cobre o motor dianteiro. A traseira é curta e tem um rebordo imitando carros de competição: O Ford Maverick é um cupê "fast-back", de traseira truncada. O perfil deste carro tem linhas agradáveis e leves.
Para adequar-se o quanto antes no mercado de carros médios, a Ford do Brasil não teve muita escolha, e acabou por lançando os dois modelos do Maverick. O cupê de 6cilindros e o GT de motor V8, porém, por uma questão econômica o motor do cupê de 6 cilindros teve de ser aproveitado do Aero-Willys de 3 litros, o que durante a fase de desenvolvimento apresentou uma infinidade de problemas. Alguns chegaram a derreter em testes, dada a ineficiência do sistema de arrefecimento. A lubrificação era deficiente e, ao se projetar uma nova bomba de óleo, até seu sentido foratrocado. Enfim, com a bomba de óleo revista, e uma passagem externa de águapara o sexto cilindro, estava concluído o projeto do Maverick de 6 cilindros, saindo de projeto com dois modelos o Super e o Super Luxo.
Havia ainda a versão esportiva GT. Equipada com motor V8 de 4,95 litros de cilindrada,saía completa de fábrica, contando apenas com dois opcionais: pintura metálica e direção assistida. Apesar da motorização e das faixas pretas, ostentava tantos cromados quanto as outras versões. Seus problemas resumiam-se aos freios traseiros, um eterno dilema do Maverick, com tendência ao travamento das rodas,e ao radiador, subdimensionado para o clima tropical. Durante os primeiros testes do GT no Brasil, o capô chagava a abrir, e por este motivo, recebeu pequenas presilhas.
Em novembro do mesmo ano, chegava o Maverick de quatro portas com as mesmas versões (exceto GT), oferecendo maior espaço aos passageiros de trás, por conta de uma distância entre eixos maior - uma diferenciação rara, não observada nos concorrentes.
Sanado o problema do radiador, o GT e as outras versões, equipadas opcionalmente com motor V8, atingiram vendas significativas, chegando o esportivo a 2.000 unidades no primeiro ano e mais 4.000 no segundo. (veja quadro no final desta página).O V8 era a resposta certa à concorrência, mas com a crise do petróleo, era também uma ameaça ao bolso do consumidor. E, pior, como o consumo do seis cilindros se aproximava muito do V8, o maverick teve sua história abalada, amparado pela fama de "beberão".A Ford entendia que o Maverick não poderia falhar em sua missão e, em 1975, como término da construção da fábrica de Taubaté/SP, um novo motor de 4 cilindros,antes exportado para os Estados Unidos, onde equipava os modelos Pinto e Mustang, estava disponível. Na época havia o embargo de fornecimento de petróleo aos EUA pelos países membros da OPEP, resultando em frenética busca por veículos mais econômicos. O preço do barril havia quadruplicado, e o Brasil importava 80% do que consumia.
Tratava-se de um moderno motor europeu, revisto para deslocamentos entre 1,8 e 2,5 litros. Dotado de comando de válvulas no cabeçote e sistema de fluxo cruzado (crossflow), com admissão de um lado e escapamento de outro, o 2,3 litros deveria ser capaz de apagar a má impressão deixada pelo 6 cilindros.E foi. Lançado em maio de 1975, acompanhado de freios dianteiros a disco com novas pinças. Provou ser um carro equilibrado. Acelerava de 0 a 100 km/h em 15,3segundos e atingia 155 km/h. Também eram novas a suspensão dianteira, a caixa de direção e o câmbio, com alavanca no assoalho. O interior havia sido revisto, com bancos dianteiros individuais, ao contrário dos anteriores, e com novo acabamento.O "novo" Maverick era um carro interessante, mas não para o Brasil. O modelo de duas portas tinha o banco traseiro apertado. E, como carros de quatro portas eram mal vistos naquela época, o Maverick não alcançou bons níveis de vendas.Em 1977 surgia o modelo de segunda fase, com novas suspensões, freios, grade,bancos e lanternas traseiras. Os pneus radiais, antes opcionais, ocupavam toda a linha. Ar condicionado e câmbio automático eram oferecidos para ambos os motor e,de quatro e oito cilindros.
Uma nova opção de luxuoso era anexada. O LDO, do inglês luxuy decor option, vinha com nível elevado de sofisticação. O GT recebia falsas entradas de ar no capô,acrescentando um toque mais agressivo.
As vendas experimentaram discreto crescimento, até que em 1978 surgia o Corcel II,novamente o Maverick se via em inferioridade e, tal como no episódio americano, o golpe era dado dentro de casa. O novo Corcel foi sucesso absoluto e se transformou no sonho de consumo da classe média.Com a franca aposta da fábrica no Corcel II, a marca deixava claro que o Maverick não sobreviveria. Depois de 108.106 unidades (85.654 do cupê, 11.879 do quatro portas e 10.573 do GT), o injustiçado automóvel deixava de ser produzido no Brasil,em abril de 1979.
Hoje o nome Maverick é encontrado apenas na Europa, em um utilitário compacto da Ford. Este modelo foi exportado para vários países do mundo, mas sua produção foi muito pequena o que torna muito difícil encontrá-lo nas ruas. Na América do Sul com toda certeza é mais fácil encontrar um Maverick da década de 70 circulando em bom estado do que o utilitário esportivo.
Fonte
Em seu lançamento nos Estados Unidos, a Mercury divisão da Ford, desenvolveu dois modelos o Comet e o Grabber com motor de 6 cilindros em linha, de 2,8 e 3,3 litros de cilindrada, e no segundo ano, chegavam os modelos equipados com motor V8, fazendo com que o carro caísse no gosto do consumidor norte-americano. Surgiram também acessórios como freios a disco, ar condicionado, câmbio automático e direção assistida.
Em 1971 a Mercury lançava o Comet com opção de motores maiores e acabamento mais luxuoso. Surgia também a versão quatro-portas, com distância entre eixos maior, para ganho de espaço traseiro. A vocação esportiva foi explorada com modelos Grabber, Stallion, Sprint, e Comet GT.
O Maverick americano, após longo período sem atualizações, recebia seu golpe final pela própria criadora. Ao colocar produtos mais modernos, competindo no mesmo espaço de mercado, a Ford pôs fim em 1977 a sua carreira de sucesso com mais de 2,5 milhões de unidades vendidas.
O Maverick foi lançado no Brasil, em maio de 1973, no Salão do Automóvel e tambémsurgiu inicialmente, como nos EUA, em dois modelos: o cupê de seis cilindros commotor do Aero-Willys evoluído e o GT V8 de 4,95 litros. Os carros médios da Ford noBrasil, era preenchido pelo Aero-Willys e Itamaraty, estes carros eram de prestígio,luxuosos, mas já mostravam sinais de desatualização, pois seus projetos datavam dadécada de 50. Na realidade esses modelos eram baseados em outros modelos muitoantigos e precisavam rapidamente de um substituto, pois a concorrência preparava sua investida no mercado de carros médios.O Maverick não disfarça sua origem norte-americana, que ressalta nas linhasrebuscadas da carroceria, onde um amplo capô cobre o motor dianteiro. A traseira é curta e tem um rebordo imitando carros de competição: O Ford Maverick é um cupê "fast-back", de traseira truncada. O perfil deste carro tem linhas agradáveis e leves.
Para adequar-se o quanto antes no mercado de carros médios, a Ford do Brasil não teve muita escolha, e acabou por lançando os dois modelos do Maverick. O cupê de 6cilindros e o GT de motor V8, porém, por uma questão econômica o motor do cupê de 6 cilindros teve de ser aproveitado do Aero-Willys de 3 litros, o que durante a fase de desenvolvimento apresentou uma infinidade de problemas. Alguns chegaram a derreter em testes, dada a ineficiência do sistema de arrefecimento. A lubrificação era deficiente e, ao se projetar uma nova bomba de óleo, até seu sentido foratrocado. Enfim, com a bomba de óleo revista, e uma passagem externa de águapara o sexto cilindro, estava concluído o projeto do Maverick de 6 cilindros, saindo de projeto com dois modelos o Super e o Super Luxo.
Havia ainda a versão esportiva GT. Equipada com motor V8 de 4,95 litros de cilindrada,saía completa de fábrica, contando apenas com dois opcionais: pintura metálica e direção assistida. Apesar da motorização e das faixas pretas, ostentava tantos cromados quanto as outras versões. Seus problemas resumiam-se aos freios traseiros, um eterno dilema do Maverick, com tendência ao travamento das rodas,e ao radiador, subdimensionado para o clima tropical. Durante os primeiros testes do GT no Brasil, o capô chagava a abrir, e por este motivo, recebeu pequenas presilhas.
Em novembro do mesmo ano, chegava o Maverick de quatro portas com as mesmas versões (exceto GT), oferecendo maior espaço aos passageiros de trás, por conta de uma distância entre eixos maior - uma diferenciação rara, não observada nos concorrentes.
Sanado o problema do radiador, o GT e as outras versões, equipadas opcionalmente com motor V8, atingiram vendas significativas, chegando o esportivo a 2.000 unidades no primeiro ano e mais 4.000 no segundo. (veja quadro no final desta página).O V8 era a resposta certa à concorrência, mas com a crise do petróleo, era também uma ameaça ao bolso do consumidor. E, pior, como o consumo do seis cilindros se aproximava muito do V8, o maverick teve sua história abalada, amparado pela fama de "beberão".A Ford entendia que o Maverick não poderia falhar em sua missão e, em 1975, como término da construção da fábrica de Taubaté/SP, um novo motor de 4 cilindros,antes exportado para os Estados Unidos, onde equipava os modelos Pinto e Mustang, estava disponível. Na época havia o embargo de fornecimento de petróleo aos EUA pelos países membros da OPEP, resultando em frenética busca por veículos mais econômicos. O preço do barril havia quadruplicado, e o Brasil importava 80% do que consumia.
Tratava-se de um moderno motor europeu, revisto para deslocamentos entre 1,8 e 2,5 litros. Dotado de comando de válvulas no cabeçote e sistema de fluxo cruzado (crossflow), com admissão de um lado e escapamento de outro, o 2,3 litros deveria ser capaz de apagar a má impressão deixada pelo 6 cilindros.E foi. Lançado em maio de 1975, acompanhado de freios dianteiros a disco com novas pinças. Provou ser um carro equilibrado. Acelerava de 0 a 100 km/h em 15,3segundos e atingia 155 km/h. Também eram novas a suspensão dianteira, a caixa de direção e o câmbio, com alavanca no assoalho. O interior havia sido revisto, com bancos dianteiros individuais, ao contrário dos anteriores, e com novo acabamento.O "novo" Maverick era um carro interessante, mas não para o Brasil. O modelo de duas portas tinha o banco traseiro apertado. E, como carros de quatro portas eram mal vistos naquela época, o Maverick não alcançou bons níveis de vendas.Em 1977 surgia o modelo de segunda fase, com novas suspensões, freios, grade,bancos e lanternas traseiras. Os pneus radiais, antes opcionais, ocupavam toda a linha. Ar condicionado e câmbio automático eram oferecidos para ambos os motor e,de quatro e oito cilindros.
Uma nova opção de luxuoso era anexada. O LDO, do inglês luxuy decor option, vinha com nível elevado de sofisticação. O GT recebia falsas entradas de ar no capô,acrescentando um toque mais agressivo.
As vendas experimentaram discreto crescimento, até que em 1978 surgia o Corcel II,novamente o Maverick se via em inferioridade e, tal como no episódio americano, o golpe era dado dentro de casa. O novo Corcel foi sucesso absoluto e se transformou no sonho de consumo da classe média.Com a franca aposta da fábrica no Corcel II, a marca deixava claro que o Maverick não sobreviveria. Depois de 108.106 unidades (85.654 do cupê, 11.879 do quatro portas e 10.573 do GT), o injustiçado automóvel deixava de ser produzido no Brasil,em abril de 1979.
Hoje o nome Maverick é encontrado apenas na Europa, em um utilitário compacto da Ford. Este modelo foi exportado para vários países do mundo, mas sua produção foi muito pequena o que torna muito difícil encontrá-lo nas ruas. Na América do Sul com toda certeza é mais fácil encontrar um Maverick da década de 70 circulando em bom estado do que o utilitário esportivo.
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