Tuesday, March 1, 2011

À sombra de um passado

Enquanto vemos duas equipes Lotus correndo simultaneamente, cada uma à sua maneira tentando se provar a legítima herdeira do legado de Colin Chapman, a Williams apresentou sua pintura oficial de uma forma que não poderia ser mais elegante. Não alterou de forma substancial o jogo entre azul e branco que ostenta desde o fim da parceria com a BMW. Apenas removeu um pouco do celeste na parte traseira, trouxe algumas linhas de força nos tons de seu novo patrocinador e...

E, para a surpresa de todos, eis que surge uma releitura do último visual que podemos associar aos tempos de uma Williams vencedora - as Rothmans, cujo reinado se estendeu de 1994 a 1997.

Ok, nos tempos em que juntava forças com a BMW a equipe de Grove chegou a vencer corridas e até esboçar uma superioridade pontual - ajudada pelo foguete bávaro ao qual as FWs eram acopladas, os quais costumavam dar show nos circuitos de altíssima velocidade.

Mas em nenhum momento em meia década esse equipamento chegou a ameaçar o domínio absoluto da Ferrari. A última Williams capaz de reivindicar para si um título mundial foi a FW19, de 1997, que, aliás, acabou conquistando de fato o campeonato - apesar da relutância de Jacques Villeneuve em querer desenvolvê-la.

Aquele ano também seria o do último bólido com a pintura azul e branca entremeada em linhas vermelha e bege. Em 1998, a equipe, já em outros matizes, entraria numa rota descendente da qual jamais se recuperou.

Por que, então, emular este passado, sob o risco de, mimetizando seus últimos dias de glória, acabar por ocultá-lo?

Talvez o time de Frank Williams tenha apenas seguido a tendência dominante do momento, recorrer ao passado para se legitimar. Assim foi com a Renault (Genii Capital Partners?) utilizando o amarelo e preto dos anos 70 e 80; do mesmo modo que a Mercedes fez com o prateado, marca indelével das máquinas alemãs do pré-Guerra (embora as máquinas atuais saiam de Brackley, de britanissíssima localização).

Opção arriscada, a da Williams, equipe que nunca tentou provar ser aquilo que não é. Agora quer aferrar-se a seu passado; é no crepúsculo que as sombras dos anos 90 se estendem ao presente.

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