Tuesday, October 4, 2011

A escola japonesa

O GP do Japão se aproxima e, com ele, a iminente definição do campeonato, que irá saturar toda e qualquer discussão sobre o esporte a motor. Por isso, aproveito o momento para falar de algo diferente: do Japão.

Talvez pela distância do ocidente, pilotos japoneses têm uma característica própria, inexistente em nenhuma outra nacionalidade: eles pilotam como japoneses.

Não há outro país que determine tanto a forma de conduzir de seus atletas. Pense nos pilotos britânicos: há os mais agressivos, os que sabem melhor poupar pneus, os que viram mais ou menos o volante nas curvas. Cada um à sua maneira.

Isso vale até para países que colocaram menos pilotos na Fórmula 1. Na Argentina, por exemplo, é possível observar tanto condutores mais cerebrais, frios (Reutemann) quanto mais instintivos, alguns até demais (Mazzacane). Ninguém pilota "como um britânico" ou "como um argentino", pois cada britânico ou argentino tende a encontrar o estilo que mais lhe convém.

Em relação aos japoneses, porém, há uma claríssimo comportamento comum. Quando um deles entra num cockpit, é quase certo que este procurará o limite "de cima para baixo", freando mais tarde primeiro e mais cedo depois, brigando por posição de forma arriscada e não raro estabanada.

Exemplos não faltam, desde a estreia de Satoru Nakajima na Fórmula 1, em 1987, passando por Aguri Suzuki e Ukyo Katayama - visto na foto acima como passageiro de uma Minardi durante o GP da Itália de 1997.

A lista continua, passando por Shinji Nakano, Takuma Sato, Sakon Yamamoto, (seria apelar demais incluir Hiro Matsushita?), Yuji Ide - esqueci de alguém? -, até chegarmos ao atual representante da terra do sol nascente no grid, Kamui Kobayashi.

Nenhum julgamento, a priori: há pilotos japoneses bons e não tão bons - estes últimos, especialmente, geralmente bancados pelas fábricas de automóveis do país. Basta dizer que Sato ostenta no currículo uma vitória no prestigioso GP de Macau de F3.

E justamente ele, involuntariamente, forneceu uma explicação convincente para o fenômeno do estilo japonês. Após uma de suas colisões, não lembro o ano ou o lugar, alguém, durante a transmissão da Globo, falou sobre uma corrida de uma categoria local japonesa que havia assistido. Nela, um piloto tentava ultrapassar outro. A certa altura, este tentou a manobra, mas perdeu o ponto de freada e saiu da pista. A reação dos espectadores japoneses não foi de desaprovação: eles aplaudiram o tal piloto que tentou ultrapassar e colocou tudo a perder.

Eis a lição, portanto. No automobilismo japonês, a atitude importa mais que o resultado final. Eles jamais entram em um carro de corrida para passear, mesmo que isso signifique uma rodada ou uma batida.

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