Wednesday, March 18, 2009

A equipe de Brackley: 1995- presente


“Na Williams eu aprendi como se devem fazer as coisas. Já na Tyrrell eu aprendi como não se devem fazer as coisas”. Quando a British American Tobacco comprou a equipe e Ken Tyrrel para erguer sobre ela a BAR, colocaram o autor desta frase como principal diretor técnico da nova equipe. Seu nome: Craig Pollock.

Na época, em 1999, tinha 42 anos, era um escocês que rodava o mundo com passaporte suíço. Prometia transformar a apagada Tyrrell em um time vencedor, e não começou timidamente. Mudaram a equipe de Ockham para Brackley, onde uma recém-construída fábrica de 41 mil metros quadrados com equipamentos de ponta os aguardavam.

A BAR surgiu em uma manhã, logo após a vitória de Jacques Villeneuve nas 500 Milhas de Indianapolis, em 1995. Numa mesa, estavam o piloto, Pollock, amigo deste, Adrian Reynard (construtora britânica de chassis, ligada na época à Indy) e um diretor da BAT, esta já ligada a Villeneuve. Menos de quatro anos depois, alinhavam seus carros no grid da Fórmula 1.

O plano original de Pollock e da BAT era aproveitar o staff da Tyrrell – afinal, a equipe inteira, e não apenas as vagas no grid, estavam incluídas nos US$ 24 milhões. No entanto, os funcionários de Ken, talvez motivados pelo desprezo com que Pollock tratou o time em frases como esta acima, se dispersaram. Um deles foi Neil Davies, mecânico que constava na folha de pagamento desde os primórdios, e que possuía tanto status lá dentro que, no inverno de 1970, quando Ken Tyrrell decidiu construir seu próprio Fórmula 1, ele confidenciou seu plano a apenas quatro pessoas – Davies era uma destas.

“Não fiquei muito impressionado quando Adrian Reynard foi a Ockham falar conosco, então decidi me aposentar”, contou Neil à revista MotorSport. “Ele nos disse que jamais a Reynard havia desenhado um carro que não conquistou uma pole. ‘Cara, isso é Fórmula 1, você vai se surpreender’ eu pensei”.

Dessa forma, a maior parte do quadro de 202 funcionários da BAR vieram da Williams, incluindo postos-chave como o de Jock Clear, engenheiro de pista de Villeneuve. Antigos empregados da Benetton, Ferrari e da McLaren passaram a frequentar Brackley. “Quero ter a equipe mais profissional da categoria”, afirmou Pollock.

Mas o tempo começou a provar que Neil Davies, Ken Tyrrell e seus antigos funcionários tinham razão. Com um motor Supertec, um chassi Reynard de desenho conservador, feito a partir de soluções já testadas, segundo o projetista Malcom Oastler e mais de US$ 100 milhões de orçamento anual, a BAR amargou um ano de estréia sem um ponto sequer. Ironia, a melhor colocação no ano foi um sétimo lugar, conquistado em San Marino por Mika Salo, o piloto de testes.

Os anos seguintes foram de desempenho oscilante entre o acima do esperado e o limbo. Os mais maldosos diziam que se usassem o dinheiro para de desenvolver o carro ao invés de pagar US$ 16 milhões de salário a Villeneuve, a equipe decolaria. Coincidência ou não, em 2004, primeiro ano sem o canadense, a BAR foi vice-campeã de construtores.

À época, o motor já era Honda, os pilotos eram Button e Sato, e a Reynard se empenhara em copiar as fabulosas soluções dos carros da Ferrari.Ingressaram em 2005 esperançosos, apenas para terem um início de temporada desastroso: após punições e os eventos do GP dos Estados Unidos, Jordan e Minardi se colocam à frente da BAR no campeonato de construtores. A situação volta a se ‘normalizar’ no fim do ano.

Em 2006, com o banimento das propagandas de cigarro, a Honda assumiu o nome da equipe, para figurar no meio do grid na primeira metade do ano. Num chuvoso GP da Hungria, finalmente Brackley reporta sua primeira vitória. O fim da temporada é arrasador. Tanto que, se apenas os seis últimos GPs deste ano contassem pontos, Button teria sido o campeão.

Os anos seguintes não precisam de descrição. A Honda se afunda de forma tão humilhante quanto inexplicável. Craig Pollock, porém, já não é o diretor desta equipe, que ele ajudou a construir. Saiu dela em 2002 para dar lugar a David Richards. Richards saiu para dar lugar a Nick Fry e Gil e Ferran, que saiu e deixou apenas Fry no comando.

No início de 1999, a equipe de Brackley era jovem, ambiciosa e rica. Dez anos depois, estava na iminência de um colapso.

Quando Pollock comprou a Tyrrell, ela ao menos tinha um passado de glórias e de projetos ousados. Os últimos dez anos foram uma sarcástica resposta ao comentário jocoso de Pollock. Vamos ver como Brawn se sai daqui pra frente.

0 comments:

Post a Comment