Salvo engano, Galvão Bueno lembrou dessa história durante a transmissão do GP da Alemanha de 1994. Disse ele (com todas as ressalvas que sua pessoa obriga a fazer) que em meados dos anos 80, na mesma época em que a Ferrari ameaçava sair da Fórmula 1 para se juntar a Indy, houve também um atrito entre a FISA e o Automobile Club de Monaco, colocando em risco o futuro da prova. Foi a deixa para que Ecclestone soltasse uma de suas frases de efeito: “Se a Fórmula 1 perder a Ferrari e o GP de Mônaco, eu mudo meu ramo de atividade”.
Coincidência, é justamente durante um GP de Mônaco que hoje assistimos a uma disputa nos bastidores entre a FIA e a Ferrari.
Há muito tempo a saída do GP de Mônaco do calendário está fora de pauta. Falta emoção? Faltam ultrapassagens? Em Barcelona e Hungaroring também, ora pois, e tampouco estas estão ameaçadas! As ruas de Monte Carlo são a própria ilusão da permanência, uma das poucas certezas dos tempos em que a força da grana destroi cada vez mais coisas belas na categoria. Por mais anacrônico que pareça – ou seja – correr lá, é o circuito onde a Fórmula 1 se encontra no seu passado, mais do que Monza ou qualquer outro lugar. Num microuniverso sempre em busca de inovação, revolução, movimento linear, o pequeno principado foi eleito afinal a sede física e simbólica de sua (alguns dirão frágil) identidade.
Resguardado Mônaco, o mesmo não pode ser dito da Ferrari. A fábrica de Maranello sabe o poder simbólico (chamam isso hoje em dia de “valor de marca”) que tem. A bem da verdade, é a única equipe que, tal qual pilotos, consegue transformar espectadores em torcedores. Com uma diferença, porém: pilotos não duram 60 temporadas.
E agora, enquanto Ferrari e FIA resolvem medir suas forças, os grandes vencedores são os jornalistas e blogueiros, que tiveram assunto a semana inteira enquanto o lado “esportivo” do esporte não as oferecia. Preocupados com uma eventual ruptura entre os dois lados, nós não nos damos conta de que o verdadeiro perigo é outro: o de que a Fórmula 1, com GP de Mônaco e com Ferrari, deixe de ser, digamos, um ramo de atividade viável.
Coincidência, é justamente durante um GP de Mônaco que hoje assistimos a uma disputa nos bastidores entre a FIA e a Ferrari.
Há muito tempo a saída do GP de Mônaco do calendário está fora de pauta. Falta emoção? Faltam ultrapassagens? Em Barcelona e Hungaroring também, ora pois, e tampouco estas estão ameaçadas! As ruas de Monte Carlo são a própria ilusão da permanência, uma das poucas certezas dos tempos em que a força da grana destroi cada vez mais coisas belas na categoria. Por mais anacrônico que pareça – ou seja – correr lá, é o circuito onde a Fórmula 1 se encontra no seu passado, mais do que Monza ou qualquer outro lugar. Num microuniverso sempre em busca de inovação, revolução, movimento linear, o pequeno principado foi eleito afinal a sede física e simbólica de sua (alguns dirão frágil) identidade.
Resguardado Mônaco, o mesmo não pode ser dito da Ferrari. A fábrica de Maranello sabe o poder simbólico (chamam isso hoje em dia de “valor de marca”) que tem. A bem da verdade, é a única equipe que, tal qual pilotos, consegue transformar espectadores em torcedores. Com uma diferença, porém: pilotos não duram 60 temporadas.
E agora, enquanto Ferrari e FIA resolvem medir suas forças, os grandes vencedores são os jornalistas e blogueiros, que tiveram assunto a semana inteira enquanto o lado “esportivo” do esporte não as oferecia. Preocupados com uma eventual ruptura entre os dois lados, nós não nos damos conta de que o verdadeiro perigo é outro: o de que a Fórmula 1, com GP de Mônaco e com Ferrari, deixe de ser, digamos, um ramo de atividade viável.
0 comments:
Post a Comment