Sunday, May 24, 2009
GP de Mônaco 2009 – O muro é o limite
A cinco pilotos dos vinte que largaram foi dado a conhecer a dura realidade dos guard rails do principado. Seis, a contar o encontro de Hamilton com os pneus no sábado, que na prática foi o fim da corrida do inglês.
Durante o ‘tempo regulamentar’ da prova, tivemos o encontro entre Buemi e Piquet, que guarda semelhanças assombrosas com o encontro entre Patrese e o pai de Piquet, vinte e tantos anos atrás. Com uma diferença, porém: em 85, Patrese antes de mais nada saiu do carro e foi ver se Piquet (pai) estava bem, e ambos se retiraram de cena com um respeitoso cumprimento. Hoje, pelo contrário, as farpas deram o tom.
Heikki Kovalainen entrou nos Esses da Piscina como se houvesse controle de tração. E finalmente, na última volta Kazuki Nakajima escolheu a Mirabeau para proceder com seu protocolar abandono.
Todos esses eventos eram tão esperados, prováveis ou pelo menos possíveis quanto a dobradinha da Brawn com Button em primeiro. A cena marcante do dia, digna de comentário, foi Vettel parado na Sainte Devote.
Tão estranho que nem o próprio pareceu acreditar. A roda traseira fora do eixo, o piloto no cockpit e o comissário fazendo sinal para que ele desligasse o motor, para que pudesse ser içado. Um gesto de “Não sei se você percebeu, monsieur Vettél, mas sua corrida acabou”.
Ele pode ser a revelação da década, pode ter um futuro brilhante à sua frente, um currículo invejável para a idade, nem por isso os muros monegascos serão menos rigorosos. A delimitação o traçado é implacável, e isso faz de Mônaco uma etapa essencial no calendário.
De resto, foi uma corrida chata. Mas a batida de Vettel valeu por todos os reality shows já feitos e os que ainda virão. Senna venceu seis vezes em Monte Carlo, mas a imagem retida é a de seu carro imóvel com o bico quebrado. Graham Hill teve cinco triunfos por lá, mas nenhuma delas contou quando não conseguiu tempo para se classificar em 75. Voltou calmamente para os boxes, acenou para o público e abandonou para sempre a carreira de piloto.
Muitos abandonos, muitos restos de carro espalhado, mas nenhum Safety Car, como nos velhos tempos em que a Fórmula 1 não parecia um Big Brother. Não vimos hoje a realidade estéril feita para a tv, vimos outra no lugar, mais palpável, mais intransponível, chamada guard rail.
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