Ou por que a pista belga contabiliza mais vítimas que qualquer outra
Qual a mais importante batalha ocorrida no circuito de Spa-Francorchamps? Hakkinen versus Schumacher? Hamilton versus Raikkonen? Jim Clark versus Dan Gurney? Nenhuma delas. ‘Batalha’, neste caso, não tem nada de figurativo: a Batalha do Bulge (ou das Ardenas, como preferem os franceses), entre 1944 e 45, foi travada, entre outros lugares, em meio ao circuito belga.
Durante a Segunda Guerra Mundial, após a invasão da Normandia, os aliados expandiram paulatinamente as áreas sob seu controle durante o verão, o que trouxe ao mesmo tempo alguns problemas logísticos: por exemplo, a dificuldade de abastecer com suprimentos as tropas, o que restringia o contingente. Quando a Alemanha viu-se recuperada do Dia D, Hitler traçou uma estratégia para reconquistar a região do norte da França, Luxemburgo, Bélgica e Holanda, aproveitando-se do pouco volume de soldados americanos e britânicos que defendiam o local.
No front Leste, o contingente numérico dos soviéticos aniquilava a Alemanha. A tomada de poços de petróleo na Romênia deixou os nazistas mais enfraquecidos ainda, e Hitler acreditava que, concentrando esforços a Oeste, poderia negociar a paz separadamente com EUA e Reino Unido, para então virar o jogo. A partir de um exército em frangalhos, os alemães montaram divisões de elite quase que por milagre.
Em dezembro, iniciaram a operação nos moldes de Blitzkrieg, com ordens do próprio Fürher para lutarem como no front Leste: sem pena dos civis, sem fazer prisioneiros.
O plano era controlar quatro dos principais centros rodoviários: Malmedy, Saint Vith, Houffalize e Bastogne. As tropas (todas) SS impuseram derrotas tremendas aos aliados até esta última cidade, quando, sob intenso fogo, os americanos foram capazes de desgastar ao máximo as linhas inimigas para que então virassem o jogo.
Os massacres
As estradas onde os carros de corrida disputavam o GP da Bélgica desde os anos 20 estavam no meio do front, e particularmente duas cidades que dão nome às curvas do circuito foram o palco de episódios importantes – e terríveis – da Batalha das Ardenas.
Uma delas, como já citada, é a Malmedy. Os que assistirem a Fórmula 1 amanhã verão que hoje a Malmedy é somente uma pequena tomada à direita, em descida, logo após a chicane Les Combes. Mas muitos pilotos já tremeram só de ouvir falar este nome, até a década de 70. No circuito antigo, ela foi redesenhada inúmeras vezes, para que fosse menos fatal.
A vila que dá nome à cidade era um importante objetivo dos nazistas naquele gelado inverno de 1944. A ponte sobre o rio Meuse, entre outras, eram fundamentais para o avanço das linhas alemãs. Uma grande divisão do exército chegava á cidade quando encontrou uma menor, americana. Uma rápida troca de tiros se seguiu até que estes últimos se renderam. O que se seguiu no início da tarde de 17 de dezembro ficou conhecido como o Massacre de Malmedy: 150 prisioneiros de guerra rendidos e desarmados foram executados. Mais tarde, em Stavelot, mais de cem civis tiveram o mesmo destino. Stavelot também dá nome a uma curva do circuito: atualmente, a que conecta a seção nova ao traçado antigo, pouco antes da Blanchimont.
Os massacres em Mamedy, Stavelot e outras vilas e cidades próximas causaram espanto e comoção na opinião pública. Responsáveis foram apontados e punidos com morte nos tribunais de guerra de Dachau, em 1946.
A Batalha das Ardenas matou mais americanos durante a Segunda Guerra do que nenhuma outra. Estes, mais os britânicos, mais os alemães, mais os três mil civis totalizam quase uma centena de milhar de vítimas. Finita a Guerra, os tanques deram lugar aos carros em Spa-Francorchamps, talvez a pista onde mais se tenha derramado sangue em todos os tempos.
Qual a mais importante batalha ocorrida no circuito de Spa-Francorchamps? Hakkinen versus Schumacher? Hamilton versus Raikkonen? Jim Clark versus Dan Gurney? Nenhuma delas. ‘Batalha’, neste caso, não tem nada de figurativo: a Batalha do Bulge (ou das Ardenas, como preferem os franceses), entre 1944 e 45, foi travada, entre outros lugares, em meio ao circuito belga.
Durante a Segunda Guerra Mundial, após a invasão da Normandia, os aliados expandiram paulatinamente as áreas sob seu controle durante o verão, o que trouxe ao mesmo tempo alguns problemas logísticos: por exemplo, a dificuldade de abastecer com suprimentos as tropas, o que restringia o contingente. Quando a Alemanha viu-se recuperada do Dia D, Hitler traçou uma estratégia para reconquistar a região do norte da França, Luxemburgo, Bélgica e Holanda, aproveitando-se do pouco volume de soldados americanos e britânicos que defendiam o local.
No front Leste, o contingente numérico dos soviéticos aniquilava a Alemanha. A tomada de poços de petróleo na Romênia deixou os nazistas mais enfraquecidos ainda, e Hitler acreditava que, concentrando esforços a Oeste, poderia negociar a paz separadamente com EUA e Reino Unido, para então virar o jogo. A partir de um exército em frangalhos, os alemães montaram divisões de elite quase que por milagre.
Em dezembro, iniciaram a operação nos moldes de Blitzkrieg, com ordens do próprio Fürher para lutarem como no front Leste: sem pena dos civis, sem fazer prisioneiros.
O plano era controlar quatro dos principais centros rodoviários: Malmedy, Saint Vith, Houffalize e Bastogne. As tropas (todas) SS impuseram derrotas tremendas aos aliados até esta última cidade, quando, sob intenso fogo, os americanos foram capazes de desgastar ao máximo as linhas inimigas para que então virassem o jogo.
Os massacres
As estradas onde os carros de corrida disputavam o GP da Bélgica desde os anos 20 estavam no meio do front, e particularmente duas cidades que dão nome às curvas do circuito foram o palco de episódios importantes – e terríveis – da Batalha das Ardenas.
Uma delas, como já citada, é a Malmedy. Os que assistirem a Fórmula 1 amanhã verão que hoje a Malmedy é somente uma pequena tomada à direita, em descida, logo após a chicane Les Combes. Mas muitos pilotos já tremeram só de ouvir falar este nome, até a década de 70. No circuito antigo, ela foi redesenhada inúmeras vezes, para que fosse menos fatal.
A vila que dá nome à cidade era um importante objetivo dos nazistas naquele gelado inverno de 1944. A ponte sobre o rio Meuse, entre outras, eram fundamentais para o avanço das linhas alemãs. Uma grande divisão do exército chegava á cidade quando encontrou uma menor, americana. Uma rápida troca de tiros se seguiu até que estes últimos se renderam. O que se seguiu no início da tarde de 17 de dezembro ficou conhecido como o Massacre de Malmedy: 150 prisioneiros de guerra rendidos e desarmados foram executados. Mais tarde, em Stavelot, mais de cem civis tiveram o mesmo destino. Stavelot também dá nome a uma curva do circuito: atualmente, a que conecta a seção nova ao traçado antigo, pouco antes da Blanchimont.
Os massacres em Mamedy, Stavelot e outras vilas e cidades próximas causaram espanto e comoção na opinião pública. Responsáveis foram apontados e punidos com morte nos tribunais de guerra de Dachau, em 1946.
A Batalha das Ardenas matou mais americanos durante a Segunda Guerra do que nenhuma outra. Estes, mais os britânicos, mais os alemães, mais os três mil civis totalizam quase uma centena de milhar de vítimas. Finita a Guerra, os tanques deram lugar aos carros em Spa-Francorchamps, talvez a pista onde mais se tenha derramado sangue em todos os tempos.
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