É inevitável: pegue uma foto de uma Lotus, entre 1970 e 1988, parada nos boxes, e, ao lado do carro, você verá um homem alto com grandes óculos de aros grossos, possivelmente uma prancheta na mão.
O nome dele é Peter Warr. Morto antes de ontem após setenta e poucos anos, sendo os últimos de uma aparentemente tranquila aposentadoria.
Warr viveu um período errático entre o fim dos anos 70 e o início dos 80, mas seu nome estará sempre associado à equipe Lotus. Pudera. Foi o braço-direito de Colin Chapman por anos a fio. As imagens falam por si só, mostrando um senhor de olhar sempre preocupado, atento, que sabia como poucos 'ler' um carro de corrida.
Quando Chapman morreu, poucos acreditavam que uma equipe tão centralizada nele pudesse sobreviver. Warr assumiu o risco, teve um ano de 1983 deplorável e intensamente criticado. Vieram os precoces cabelos brancos, mas ele seguiu em frente e provou que a Lotus ainda podia vencer sem seu fundador.
Em dado momento, reuniu uma das equipes mais memoráveis da Fórmula 1, com Ayrton Senna no volante e Gérard Doucarouge na prancheta de desenho. Uma equipe, é certo, que não chegou a ser campeã. Mas será que foi culpa dele?
Decerto que não. Warr fez o que pode, teve de encarar momentos difíceis, como dizer a Derek Warwick que ele não poderia assinar o contrato para 1986, por veto de Senna. Teve de administrar muitos egos, foi taxado de fraco.
Quando assinou com a Renault para receber os motores franceses, o contrato era bem claro: as vitórias eram do losango; as quebras, dele.
Quando, enfim, cedeu, a equipe Lotus se desmanchou por completo. Não saberemos quais os segredos que ficaram retidos por trás daqueles óculos de aros grossos. Perdemos uma testemunha ocular do esporte a motor.
Tuesday, October 5, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
0 comments:
Post a Comment