Com o fim da temporada, posso finalmente me dedicar a corrigir alguns dos erros de percurso enfrentados durante o ano: neste caso, registrar algumas efemérides que me passaram despercebidas e/ou que me ocorreram tarde demais.
A primeira delas, como não poderia deixar de ser, são os 60 anos da morte de Jean-Pierre Wimille. No dia 28 de janeiro, o francês treinava nas contorcidas ruas do bairro de Palermo, em Buenos Aires, para a primeira etapa de uma série mais ou menos regular de corridas de Fórmula Libre que ocorriam no Brasil e na Argentina. A prova não poderia ter um título menos personalista, como convém ao populismo latino-americano: Gran Premio del General Juan Perón y de la Ciudad de Buenos Aires (por motivos históricos, pode-se dizer apenas "GP de Buenos Aires").
Não se sabe o que ocasionou a batida do pequeno Simca-Gordini. Especulou-se que poderia ter sido a luz do sol que ofuscou a vista do pioto, ou sua tentativa de desviar de torcedores no traçado. O bólido francês bateu contra uma proteção da pista, voou, atingiu árvores. Foi a primeira corrida em que Wimille, 41, usou um capacete - incapaz, no entanto, de salvar sua vida. Alguns relatos dizem que, dentro da ambulância o piloto ainda conseguiu perguntar "o que aconteceu?", mas chegou sem vida ao hospital.
Jean-Pierre Wimille é considerado um dos melhores pilotos de sua geração, e regularmente chamado de "o piloto que venceria o primeiro campeonato mundial". Não à toa: era o primeiro piloto da Alfa Romeo, tendo conquistado o posto no braço, ao provar-se sistematicamente mais veloz que Giuseppe Farina.
O automobilismo deu ao francês o fim que a Guerra não foi capaz de lhe dar. Convidado pelo também piloto Robert Benoist, participou ativamente da Resistência contra a ocupação nazista, obtendo destaque na clandestinidade. Benoist não teve a mesma sorte.
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