Mesmo dentre os que acompanham a Fórmula 1 de perto, a Toyota se afasta da Fórmula 1 quase sem deixar lembranças. No meu caso, acho que associarei a equipe ao GP do Japão de 2007.
Naquele ano o evento se deslocou para Fuji, propriedade da Toyota, por vontade desta. A imensa maioria da torcida consistia de fãs da equipe branca e vermelha. A explicação era simples: responsáveis pelo autódromo anunciaram que bandeiras e cartazes de apoio a equipes e pilotos seriam proibidos nas arquibancadas. No entanto, a interdição não se aplicou à proprietária.
Jornalistas, habitués do paddock e mecânicos, mesmo os que trabalhavam há mais de três décadas, jamais haviam visto uma corrida sem bandeiras da Ferrari ao redor. O estranhamento foi generalizado e a imprensa, principalmente a japonesa, criticou severamente os organizadores.
Os promotores, por sua vez, trataram de desmentir a informação e creditaram o engano a um problema de comunicação entre os organizadores do evento e os responsáveis pelo autódromo, mas tal versão não foi muito bem comprada pela mídia.
A confusão talvez seja bastante reveladora da posição que a Toyota ocupava na Fórmula 1: a equipe de uma empresa, mais do que qualquer outra. A Renault, por exemplo mantinha seu departamento de competições em Enstone, ex-Benetton, longe da fábrica. O mesmo se podia dizer da BMW Sauber, em Hinwill. A Mercedes se esconde atrás da McLaren, e agora da Brawn.
Já os executivos japoneses, desde 2002, sempre acompanharam perto demais o que se passava no QG da equipe, em Colônia. As decisões passavam por muitas instâncias administrativas, por pessoas distantes dos autódromos. Mais do que a equipe de uma empresa, era uma equipe corporativa.
Uma equipe da era das grandes corporações, do seu linguajar próprio e discurso sobre vitória a qualquer custo, sobre otimização, kaizen, atingir metas. Um discurso que tornou a Fórmula 1 sedutora como plataforma de marketing, principalmente se o negócio da empresa é construir carros.
A Toyota preparava-se para estrear, fazia testes e mais testes em pistas europeias com Mika Salo em 2001, quando veio à tona o escândalo da Enron. A este se sucederam vários outros casos de fraudes no balanço de grandes companhias, o estouro da bolha “pontocom” – alguns analistas dizem que a agressividade do discurso neoliberal foi freado, ao menos em parte, desde então. A Toyota estreou como equipe, em 2002, já na época errada.
Da pior maneira possível ela descobriu que um talão de cheques não ganha corridas. Único orçamento maior que o da Ferrari, amargou oito temporadas sem uma vitória sequer.
Outra bolha, outra crise, esta ainda pior, e os executivos em Tóquio não poderiam tomar outra decisão mais corporativa – encerrar suas operações na Fórmula 1. Nada mais condizente.
Foto: O sol se põe atrás de Trulli durante o GP de Abu Dhabi. A equipe do sol nascente faz a sua última corrida.
Naquele ano o evento se deslocou para Fuji, propriedade da Toyota, por vontade desta. A imensa maioria da torcida consistia de fãs da equipe branca e vermelha. A explicação era simples: responsáveis pelo autódromo anunciaram que bandeiras e cartazes de apoio a equipes e pilotos seriam proibidos nas arquibancadas. No entanto, a interdição não se aplicou à proprietária.
Jornalistas, habitués do paddock e mecânicos, mesmo os que trabalhavam há mais de três décadas, jamais haviam visto uma corrida sem bandeiras da Ferrari ao redor. O estranhamento foi generalizado e a imprensa, principalmente a japonesa, criticou severamente os organizadores.
Os promotores, por sua vez, trataram de desmentir a informação e creditaram o engano a um problema de comunicação entre os organizadores do evento e os responsáveis pelo autódromo, mas tal versão não foi muito bem comprada pela mídia.
A confusão talvez seja bastante reveladora da posição que a Toyota ocupava na Fórmula 1: a equipe de uma empresa, mais do que qualquer outra. A Renault, por exemplo mantinha seu departamento de competições em Enstone, ex-Benetton, longe da fábrica. O mesmo se podia dizer da BMW Sauber, em Hinwill. A Mercedes se esconde atrás da McLaren, e agora da Brawn.
Já os executivos japoneses, desde 2002, sempre acompanharam perto demais o que se passava no QG da equipe, em Colônia. As decisões passavam por muitas instâncias administrativas, por pessoas distantes dos autódromos. Mais do que a equipe de uma empresa, era uma equipe corporativa.
Uma equipe da era das grandes corporações, do seu linguajar próprio e discurso sobre vitória a qualquer custo, sobre otimização, kaizen, atingir metas. Um discurso que tornou a Fórmula 1 sedutora como plataforma de marketing, principalmente se o negócio da empresa é construir carros.
A Toyota preparava-se para estrear, fazia testes e mais testes em pistas europeias com Mika Salo em 2001, quando veio à tona o escândalo da Enron. A este se sucederam vários outros casos de fraudes no balanço de grandes companhias, o estouro da bolha “pontocom” – alguns analistas dizem que a agressividade do discurso neoliberal foi freado, ao menos em parte, desde então. A Toyota estreou como equipe, em 2002, já na época errada.
Da pior maneira possível ela descobriu que um talão de cheques não ganha corridas. Único orçamento maior que o da Ferrari, amargou oito temporadas sem uma vitória sequer.
Outra bolha, outra crise, esta ainda pior, e os executivos em Tóquio não poderiam tomar outra decisão mais corporativa – encerrar suas operações na Fórmula 1. Nada mais condizente.
Foto: O sol se põe atrás de Trulli durante o GP de Abu Dhabi. A equipe do sol nascente faz a sua última corrida.
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