Saturday, January 23, 2010
Vídeo: Mid Ohio, Fórmula 5000, 1971
No início dos anos 70, o canal norte-americano ABC produziu uma série de documentários sobre diferentes tipos de corrida nos EUA, chamados “Once Upon a Wheel”. No capítulo “Road Race”, eles retrataram um fim de semana de competições da Fórmula 5000 (ou Fórmula A): a prova de Mid Ohio de 1971. Ele está na íntegra no Youtube, e apresento ele aqui com comentários.
Os pilotos-protagonistas escolhidos foram Sam Posey e David Hobbs.
Sam Posey aparece chegando ao autódromo de carro, falando sobre seu nervosismo. É apresentado como um piloto que sonha um dia correr na Fórmula 1. Posey comenta as intrigas entre os pilotos no paddock, mas adverte que é da natureza do esporte.
Brett Lunger fala das temperaturas altas no cockpit. “Na Califórnia também estava assim, mas não havia umidade”, relata.
A narração do autódromo informa sobre os horários dos treinos, o comprimento da pista e a premiação: US$ 1.400 para o pole position, US$ 4.500 para o vencedor geral. Em seguida, Posey e Hobbs vão para a pista com câmeras acopladas a seus capacetes para que suas warm up laps sejam filmadas. Claro que eles filmaram sem acelerar muito, mas já é possível sentir como é estar dentro de um desses carros.
Depois do comercial, Posey passeia pelo paddock – um enorme assentamento improvisado – reportando à câmera sobre as diferentes categorias que correm no mesmo fim de semana, diferenciando a vasta quantidade de pilotos e equipes amadoras, que estão lá por paixão, e os pilotos da F5000 como ele, que trabalham profissionalmente. Suas divagações sobre a vida útil dos carros são muito instigantes como retrato de sua época: “A vida operacional de um carro de corrida ‘top’ é de mais ou menos seis meses (...). Depois disso ele está pronto para ir pro museu. Se ele estiver inteiro, é claro, porque a maior parte dos carros de corrida acaba destruída em acidente. Esse é o destino de 75% deles”.
Sam Posey prossegue bastante desenvolto em sua explicação: “E agora estamos chegando perto de um dos três tipos de carro que correm profissionalmente pelo SCCA (Sports Car Club Association, promotora do campeoanto). Eles são este Fórmula A que você pode ver (o antigo nome dos F5000), os Can-Am, que são carros esporte, e os Trans-Am, que são como Mustangs ou Camaros. Dos três, acho que prefiro os Fórmula A. Rodas descobertas, como os carros de Grand Prix que disputam o mundial na Europa, 500hp ou mais, agilidade incrível, e a maior satisfação ao pilotar porque são monopostos (single-seaters, no original)”.
“De todos os carros que vimos no paddock os Formula A são os mais rápidos, e entre todos os Fórmula A, eu acho que o mais rápido é o meu Surtees Formula A.
No briefing antes da última sessão de classificação, vemos Posey e Hobbs numa conversa descontraída. “Na sessão passada eu tentei copiar o seu traçado, mas acontece que meu carro não anda na grama”, provoca o primeiro. Ambos riem.
No fim, Posey é o pole, seguido de Grable, Brett Lunger e Hobbs, que dominava o campeonato até então. Poucos minutos antes da largada, o tempo fecha e especula-se uma prova sob chuva – que acaba não ocorrendo.
Na época, as provas da F5000 eram corridas em duas baterias iguais – de 30 voltas, neste caso. As posições de chegada da segunda bateria eram as mesmas de largada da segunda. O vencedor saía de um sistema de pontuação interno que, segundo o próprio narrador do documentário, “é um pouco complicado. O melhor a fazer é acelerar primeiro e se preocupar com as contas depois”.
Na primeira bateria, Posey lidera durante quase todo o percurso, até que Hobbs o ultrapassa e vence por apenas 0,2s.
Durante a pausa de uma hora entre as duas baterias, podemos ver Posey descansando embaixo de um caminhão e explicando que ele não viu a investida de Hobbs por estar com o retrovisor quebrado.
A situação se inverte na sessão seguinte. Posey ultrapassa Hobbs nas primeiras voltas e ambos mantém suas posições até o final. No resultado total, Posey termina como o grande vencedor.
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