Em pouco menos de duas semanas ocorrerá o GP da Espanha, no Circuit de Catalunya, próximo a Barcelona. Sede da prova desde 1991, sua longevidade como etapa do campeonato talvez não seja, de todo, casual.
Pesquisando um pouco, neste últimos dias, sobre a história do automobilismo espanhol, nota-se que ele não passou incólume pelo turbulento início de século XX vivido pelo país: eventos esporádicos e descontinuados surgem ao longo das primeiras décadas. Uma prova de carros turismo em 1913, na nebulosa localidade de Guadarrama, é apontada como o primeiro GP da Espanha da história.
A curiosa Sitges-Terramar recebe o segundo evento, apenas em 1923, que se desloca para Lasarte após dois anos em branco.
Na mesma época, porém, as estradas de Lasarte são o palco de uma prova, ao que parece, mais importante - o GP de San Sebastian. A foto que ilustra este post é da corrida de 1925. O evento se realiza entre 1923 e 1930 ininterruptamente.
No início da década de 20, três corridas de Voiturette são organizadas em Villafranca, Andaluzia. Batizadas de GP de Peña Rhin (também referidas como Penya Rhin, posteriormente), elas são interrompidas e retomadas em 1933, no parque de Montjuïc, em Barcelona, já como Grandes Épreuves. Na década de 40, após o fim da Guerra Civil de da Segunda Guerra, o GP é transferido para Pedralbes, na mesma cidade.
Tudo certo, não fosse por um detalhe: Sitges, Montjuïc e Pedralbes são localidades catalãs; Lasarte, talvez a pista mais ativa no território espanhol em duas décadas, está em território basco.
Comecemos por esta última: talvez o interesse dos bascos pelo automobilismo seja subestimado. Mas convém lembrar que a cidade francesa de Pau, palco do primeiro Grand Prix da história e até hoje organizando corridas, também se localiza no país basco.
Da década de 30 à de 50, o GP da Espanha foi realizado ou na Catalunha ou no País Basco: as duas províncias mais rebeldes em relação à centralização do poder em Madri.
Fica fácil, portanto, perceber por que as corridas no país se tornaram rarefeitas após a Guerra Civil (1936-37): Franco era um notório nacionalista, perseguidor de identidades nacionais paralelas. Suas políticas culturais valorizavam as tradições andaluzes, como mais 'espanholas' do que as das outras regiões.
Em 1946, em meio a uma década negra de assassinatos políticos, o GP de Penya Rhin se realiza em Pedralbes. Em 1950, mais outro. Pode-se afirmar, portanto, que os GPs da Espanha de Fórmula 1 de 1951 e 54 não foram mais do continuações destes.
Apenas em 1967 é inaugurada Jarama, pista próxima à capital, no início do fim do período franquista. Fica no ar a pergunta: por quê? Que intrincados laços ligam automobilismo e identidade nacional na península Ibérica?
Vale dizer que Valência, onde se dispua desde 2008 o GP da Europa, é considerada, culturalmente, uma cidade catalã.
Monday, April 26, 2010
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