Mais uma vez chuva; mais uma vez Jenson Button. A maior parte do grid parecia mais apta a afundar nos próprios erros do que na água que caía na pista de Xangai. Mas não o campeão mundial, que passou incólume por onde tantos outros erravam - foi numa saída de pista de Nico Rosberg que o inglês ganhou a liderança, para nunca mais deixá-la.
Um grande merecedor de uma vitória que dependeu muito pouco do mérito individual (e nesse ponto, a referência que o título desse post faz a um filme específico é irônica). Afinal, mais uma vez Button foi abençoado pela ótima tática da McLaren, como o fora nas duas últimas corridas. No caso de hoje, o determinante foi a decisão de mantê-lo na pista durante as primeiras voltas, enquanto a maior parte dos adversários corriam para o box.
Marcada pela intermitência da chuva, se pudéssemos traçar um paralelo com o cinema, seria possível dizer que o GP da China foi uma 'screwball comedy' hollywoodiana.
Para quem não sabe, 'screwball comedy' é um gênero fílmico em que o encadeamento dos fatos se atropela em uma ordem marcada pela aleatoriedade, gerando efeito cômico. Um filme imperdível do gênero é Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, de Pedro Almodóvar.
'Screwball comedy' porque as ultrapassagens, saídas de pistas e paradas de box se alternavam sem fazer sentido imediato, sem que o espectador pudesse respirar. Hollywoodiana porque, passados dois terços do percurso, as posições começaram a se assentar e indicar um final mais ou menos previsível.
O ritmo frenético talvez tenha servido bem como contraponto às acusações de modorrência, sofridas pelas corridas da Fórmula 1 nos últimos anos. Ainda assim, espera-se (por bem) que, num futuro próximo, essa corrida seja vista como uma exceção.
Se, no entanto, a prova, mesmo preenchendo os critérios de 'emoção', tenha deixado o espectador com um certo mal estar, podemos lembrar do Safety Car acionado na volta 22: afinal, por que ele foi para a pista? Não parece que esta interrupção artificial carece de uma explicação adequada?
Vai ver o diretor de prova não seja dos melhores: se o GP da China fosse um filme, teríamos certeza de que ele não tem a assinatura de um Almodóvar.
Sunday, April 18, 2010
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