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Thursday, July 15, 2010
Vídeo: Dallas onboard com Patrick Tambay
Há coisas no Youtube que, antes dele, era inacreditável que pudessem existir. Aí está uma delas, uma volta de Patrick Tambay na pista de Fair Park, Dallas, em 1984. Um GP fadado ao fracasso. É possível notar a infinidade de curvas, a sensação de desorientação em meio a tantos blocos de concreto e chicanes, a estreiteza do traçado em alguns pontos. Como haveriam de perceber tarde demais, não havia espaço para uma corrida de Fórmula 1 lá, de forma que aquele foi o primeiro e último ano da prova. Durante vídeo, Tambay faz seus comentários sobre a pista, em francês, enquanto a voz sobreposta de um narrador o traduz para o inglês. Tudo pode ser resumido em uma fala de Tambay: "Era um verdadeiro pesadelo pilotar lá".
Provavelmente a filmagem onboard foi realizada durante os treinos, em caráter de teste. A primeira transmissão ao vivo de uma câmera onboard na Fórmula 1 ocorreu em 1985, durante o GP da Alemanha, no carro de François Hesnault, inscrito num terceiro carro da Renault. A repetição de carros e pilotos franceses se justifica: o empenho em desenvolver a tecnologia da transmissão foi levado a cabo pela tv francesa.
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Wednesday, July 8, 2009
5 circuitos para entender o hoje – Dallas

Devo esta série a uma efeméride e a uma coincidência. A efeméride é dada a conhecer hoje, os 25 anos do único GP de Dallas realizado, que traz a oportunidade para falar da pista de rua erguida no Texas State Fair Park para abrigar o evento.
Esta série pretende traçar um caminho histórico da evolução dos circuitos na Fórmula 1 até o período atual – redutor, com certeza, mas o importante é estimular a discussão.
Dallas não é um circuito representativo, mas assinala uma quebra de certos paradigmas da categoria, talvez justamente a quebra que hoje desembocou na enxurrada de circuitos Tilke.
Eram 3,9 km ladeados por muros em toda extensão de uma pista tão travada quanto Monte Carlo, ou mais. Some-se também o calor do pleno verão texano, cujas temperaturas ultrapassavam 40o C. Os organizadores, em sua ingenuidade, estipularam a corrida em 78 voltas. Logo os pilotos notaram que tal feito não seria possível (a pole, para efeitos de comparação, foi obtida em 1m37s041).
Os pilotos pressionaram para que a distância fosse reduzida a 56 voltas. Ao final, foram acordadas 67: número que se provou incrivelmente exato, visto que a prova acabou em pouco mais de duas horas, todas as voltas completadas.
Desde os treinos de sexta Fair Park colecionou críticas. O asfalto, de baixa qualidade, partia-se com facilidade. Os muros passaram a ser decorados com marcas de pneus. Para amenizar o calor, a organização determinou a largada para as 11h da manhã, com um warm up de meia hora às 7h. Jacques Lafitte, em protesto, apareceu de pijama no paddock, mas não foi necessário: uma corrida de CanAm no sábado à tarde destruiu pedaços inteiros do traçado.
Às 10h, os remendos feitos com concreto de secagem rápida estavam prontos, mas ninguém sabia o que seria da corrida. Lauda e Prost tentavam organizar um boicote. Os pilotos decidiram que, após dez voltas, eles julgariam o estado geral da pista e decidiriam se continuariam ou não.
O único que não parecia preocupado era Keke Rosberg. “Não sei por que tanta confusão. A gente reclama e protesta até a largada e então corre, como sempre. A gente veio de longe e já está tudo pronto. Como ou sem asfalto, você sabe tanto quanto eu que nós vamos correr”.
De tal forma que largaram, frente a um público de 90 mil pessoas, sem saber o que iria acontecer. Nas palavras de Piquet, ninguém sabia o que iria quebrar primeiro, se o circuito, os carros ou os pilotos. Ocorreram as quebras exatamente nessa ordem. Com menos de dez voltas, novos buracos cresciam e as pedras se espalhavam sobre a pista. Pilotos e carros sucumbiam ao calor. Foi uma prova de resistência.
Como seria de se supor, ao final de duas horas o vencedor foi Rosberg. Após várias ultrapassagens, de ser ultrapassado por Prost e vê-lo quebrar, chegou ao final triunfante. Seu segredo: correu com um capacete preenchido com gelo, mantendo-se mais lúcido que seus adversários.
A Fórmula 1 saiu de Dallas para nunca mais voltar. Seus promotores não trouxeram de volta, no entanto, a convicção de que a categoria era capaz de correr em qualquer lugar (ou seja, em qualquer lugar onde o dinheiro estivesse). Até o início dos anos 80, era possível tolerar grandes gambiarras, como o estacionamento do Caesar’s Palace, ou as imperdoáveis ondulações da Seaside Way em Long Beach (em 1983). Era uma convicção tão arraigada que mantinha-se inclusive planos de fazer Grandes Prêmios em Moscou e Nova York, posteriormente abandonados.
Não haveria mais espaço para tais ideias, no entanto. Os circuitos mais improvisados, como Detroit, aos poucos desapareceram. O mesmo se pode dizer dos pilotos que não se importavam, e até pareciam preferir, condições adversas de corrida. Pilotos dos quais o mais emblemático era justamente Rosberg. O fracasso de Dallas foi a morte simbólica dessa Fórmula 1 um pouco á la Keke.
Esta série pretende traçar um caminho histórico da evolução dos circuitos na Fórmula 1 até o período atual – redutor, com certeza, mas o importante é estimular a discussão.
Dallas não é um circuito representativo, mas assinala uma quebra de certos paradigmas da categoria, talvez justamente a quebra que hoje desembocou na enxurrada de circuitos Tilke.
Eram 3,9 km ladeados por muros em toda extensão de uma pista tão travada quanto Monte Carlo, ou mais. Some-se também o calor do pleno verão texano, cujas temperaturas ultrapassavam 40o C. Os organizadores, em sua ingenuidade, estipularam a corrida em 78 voltas. Logo os pilotos notaram que tal feito não seria possível (a pole, para efeitos de comparação, foi obtida em 1m37s041).
Os pilotos pressionaram para que a distância fosse reduzida a 56 voltas. Ao final, foram acordadas 67: número que se provou incrivelmente exato, visto que a prova acabou em pouco mais de duas horas, todas as voltas completadas.
Desde os treinos de sexta Fair Park colecionou críticas. O asfalto, de baixa qualidade, partia-se com facilidade. Os muros passaram a ser decorados com marcas de pneus. Para amenizar o calor, a organização determinou a largada para as 11h da manhã, com um warm up de meia hora às 7h. Jacques Lafitte, em protesto, apareceu de pijama no paddock, mas não foi necessário: uma corrida de CanAm no sábado à tarde destruiu pedaços inteiros do traçado.
Às 10h, os remendos feitos com concreto de secagem rápida estavam prontos, mas ninguém sabia o que seria da corrida. Lauda e Prost tentavam organizar um boicote. Os pilotos decidiram que, após dez voltas, eles julgariam o estado geral da pista e decidiriam se continuariam ou não.
O único que não parecia preocupado era Keke Rosberg. “Não sei por que tanta confusão. A gente reclama e protesta até a largada e então corre, como sempre. A gente veio de longe e já está tudo pronto. Como ou sem asfalto, você sabe tanto quanto eu que nós vamos correr”.
De tal forma que largaram, frente a um público de 90 mil pessoas, sem saber o que iria acontecer. Nas palavras de Piquet, ninguém sabia o que iria quebrar primeiro, se o circuito, os carros ou os pilotos. Ocorreram as quebras exatamente nessa ordem. Com menos de dez voltas, novos buracos cresciam e as pedras se espalhavam sobre a pista. Pilotos e carros sucumbiam ao calor. Foi uma prova de resistência.
Como seria de se supor, ao final de duas horas o vencedor foi Rosberg. Após várias ultrapassagens, de ser ultrapassado por Prost e vê-lo quebrar, chegou ao final triunfante. Seu segredo: correu com um capacete preenchido com gelo, mantendo-se mais lúcido que seus adversários.
A Fórmula 1 saiu de Dallas para nunca mais voltar. Seus promotores não trouxeram de volta, no entanto, a convicção de que a categoria era capaz de correr em qualquer lugar (ou seja, em qualquer lugar onde o dinheiro estivesse). Até o início dos anos 80, era possível tolerar grandes gambiarras, como o estacionamento do Caesar’s Palace, ou as imperdoáveis ondulações da Seaside Way em Long Beach (em 1983). Era uma convicção tão arraigada que mantinha-se inclusive planos de fazer Grandes Prêmios em Moscou e Nova York, posteriormente abandonados.
Não haveria mais espaço para tais ideias, no entanto. Os circuitos mais improvisados, como Detroit, aos poucos desapareceram. O mesmo se pode dizer dos pilotos que não se importavam, e até pareciam preferir, condições adversas de corrida. Pilotos dos quais o mais emblemático era justamente Rosberg. O fracasso de Dallas foi a morte simbólica dessa Fórmula 1 um pouco á la Keke.
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