Há algo de estranho em assistir hoje em dia à largada do GP da França de 1991 e ver enormes outdoors de Gitanes Blondes logo atrás da reta dos boxes. Logo adiante, enquanto os carros saem da Estoril e ganham a reta oposta, aparecem outros logotipos enormes, desta vez da Marlboro, estampados acima da pista.
Mais tarde, o GP da França proibiria a publicidade de cigarros em suas dependências. Àquela altura, porém, limitavam-se a inserir pequenos lembretes de que “fumar causa doenças graves”.
Este ano, pela primeira vez desde 1990, a Fórmula 1 não vai a Magny-Cours. Não fará grande falta, exceto talvez aos poucos franceses que ainda frequentavam o circuito: a rede hoteleira precária, o imenso vazio que rodeava o autódromo, a mobilização de recursos e de trabalho para realizar corridas que eram a mais perfeita tradução do ennui, tudo contribuiu para desgastar a etapa, até que os organizadores, cansados de contar os prejuízos enquanto os bolsos de Ecclestone sugavam o parco faturamento, anunciaram que não haveria 2009 para o GP da França.
Interessante assistir com os olhos de hoje aquele primeiro GP na mesma pista. Como é de se esperar em uma inauguração, as tribunas estavam lotadas. O pit lane, boxes, sala de imprensa e outras dependências superavam a média do conforto naqueles tempos, perfazendo uma primeira impressão resumida pelo jornalista Franco Lini na seguinte frase: “Fizeram tudo direitinho, só esqueceram de construir o circuito”.
Não pouparam críticas à pista. Numa época em que a categoria não se preocupava com ultrapassagens, os pilotos logo advertiram que tais manobras seriam mais raras em Magny-Cours. Já naqueles tempos, criticava-se a construção por terem concebido um traçado estreito demais. Ressalvas feitas a uma pista que era isenta de ondulações, os pilotos rebatiam com mais duas críticas: um asfalto extremamente abrasivo e três curvas com inclinação errada – ou seja, negativa, que jogava o carro para fora dela.
Temia-se também por uma outra característica do circuito: desgastar os pilotos. Segundo o médico da Ferrari, Alain Prost perdera 3,5kg ao pilotar por 40 voltas em testes particulares. A corrida teve 72 voltas e, apesar do calor, nenhum piloto reclamou de esforço físico intenso, apesar de parecerem cansados ao final. Nunca Magny-Cours foi considerada mais desgastante que Mônaco, Hungaroring ou Barcelona.
Pouco se alterou da pista ao longo dos anos: retirada de uma chicane em 1992, um prolongamento da extensão em 2002, deixando a entrada dos boxes mais segura e adicionando curvas mais fechadas. Talvez pela expansão progressiva das curvas de baixa velocidade, a partir de 1994, a fama de travada se descolou da imagem de Magny-Cours, mas nem por isso palavras como “charme” ou “desafio” foram empregadas para descrevê-la. O circuito de Nevers se despede como se pouco tivesse mudado em dezoito anos - exceto pela ausência dos anúncios de cigarro.
Mais tarde, o GP da França proibiria a publicidade de cigarros em suas dependências. Àquela altura, porém, limitavam-se a inserir pequenos lembretes de que “fumar causa doenças graves”.
Este ano, pela primeira vez desde 1990, a Fórmula 1 não vai a Magny-Cours. Não fará grande falta, exceto talvez aos poucos franceses que ainda frequentavam o circuito: a rede hoteleira precária, o imenso vazio que rodeava o autódromo, a mobilização de recursos e de trabalho para realizar corridas que eram a mais perfeita tradução do ennui, tudo contribuiu para desgastar a etapa, até que os organizadores, cansados de contar os prejuízos enquanto os bolsos de Ecclestone sugavam o parco faturamento, anunciaram que não haveria 2009 para o GP da França.
Interessante assistir com os olhos de hoje aquele primeiro GP na mesma pista. Como é de se esperar em uma inauguração, as tribunas estavam lotadas. O pit lane, boxes, sala de imprensa e outras dependências superavam a média do conforto naqueles tempos, perfazendo uma primeira impressão resumida pelo jornalista Franco Lini na seguinte frase: “Fizeram tudo direitinho, só esqueceram de construir o circuito”.
Não pouparam críticas à pista. Numa época em que a categoria não se preocupava com ultrapassagens, os pilotos logo advertiram que tais manobras seriam mais raras em Magny-Cours. Já naqueles tempos, criticava-se a construção por terem concebido um traçado estreito demais. Ressalvas feitas a uma pista que era isenta de ondulações, os pilotos rebatiam com mais duas críticas: um asfalto extremamente abrasivo e três curvas com inclinação errada – ou seja, negativa, que jogava o carro para fora dela.
Temia-se também por uma outra característica do circuito: desgastar os pilotos. Segundo o médico da Ferrari, Alain Prost perdera 3,5kg ao pilotar por 40 voltas em testes particulares. A corrida teve 72 voltas e, apesar do calor, nenhum piloto reclamou de esforço físico intenso, apesar de parecerem cansados ao final. Nunca Magny-Cours foi considerada mais desgastante que Mônaco, Hungaroring ou Barcelona.
Pouco se alterou da pista ao longo dos anos: retirada de uma chicane em 1992, um prolongamento da extensão em 2002, deixando a entrada dos boxes mais segura e adicionando curvas mais fechadas. Talvez pela expansão progressiva das curvas de baixa velocidade, a partir de 1994, a fama de travada se descolou da imagem de Magny-Cours, mas nem por isso palavras como “charme” ou “desafio” foram empregadas para descrevê-la. O circuito de Nevers se despede como se pouco tivesse mudado em dezoito anos - exceto pela ausência dos anúncios de cigarro.
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