O circuito da Catalunha é o terceiro a ser abordado na série, decisão bastante discutível. De fato Barcelona está aqui como poderia estar Hungaroring, primeiro autódromo construído “do zero” após os paradigmas estabelecidos por Nürburgring, juntamente com Jerez de la Frontera. Ambos aparecem no calendário em 1986.
A preocupação com a segurança e com a economia em câmeras de tv produziu então circuitos compactos, e travados por natureza, embora com características muito distintas entre si – a começar pela receptividade do público. Nas palavras do jornalista Joe Saward, sobre Hungaroring: “Foi um passo [politicamente] importante na época, mas a pista era muito mais ‘para a televisão’ e favorecia mais os engarrafamentos do que as corridas. A mesma coisa acontecia em Jerez de la Frontera e poucos lamentaram quando a Fórmula 1 mudou-se para o novo circuito de Barcelona em 1991”.
Importante lembrar quais as condições políticas do surgimento do circuito. A Espanha aderira já fazia cinco anos à Comunidade Europeia, deixando para trás aos poucos a relativa pobreza. Barcelona sofria dos problemas usuais causados pelo inchaço urbano, ao mesmo tempo que ensaiava um projeto de recuperação inovador, assentado nos Jogos Olímpicos de 1992. A construção de um autódromo na vizinha Montmeló era um anexo desta mesma política, o que não impediu os esforços para que se levantasse uma das mais modernas praças automobilísticas da época.
Quando a Fórmula 1 chegou lá pela primeira vez a tinta mal havia secado, mas a impressão de modernidade se confirmou. O traçado era constituído, claro, de uma série de curvas de baixa e média velocidade, com uma novidade, porém: uma enorme reta, de mais de 1 km de extensão, a maior já vista desde que a Mistral de Paul Ricard tinha sido “cortada” ao meio (talvez pela curvatura que faziam, as retas de Hockenheim nunca entraram nesta contagem).
Da primeira corrida, ficou gravado na retina Senna e Mansell descendo a reta, a centímetros de distância, milimetricamente emparelhados. A impressão inicial, porém, se desgastou com o passar dos anos, em aborrecidas procissões que se repetiam como feriados religiosos, ao longo dos anos 90. Não que a pista tivesse sofrido grandes modificações, apesar dos eventos de Imola em 1994, Barcelona permanecia um exemplo de segurança, embora não sem contratempos.
Uma série de fatores minou a popularidade da pista, e o principal, sem dúvida, foi o refinamento aerodinâmico, que fez os carros da Fórmula 1 gerarem cada vez mais turbulência, fenômeno este involuntariamente favorecido pelo traçado catalão.O marco clássico disso foi o GP da Espanha de 1999, histórico por ter registrado apenas uma manobra de ultrapassagem em pista em todas as suas 65 voltas.
Recentemente, o traçado recebeu modificações pontuais no último trecho, na tentativa de criar oportunidades de disputa de posição. Uma curva mais fechada ao fim da reta oposta e uma chicane para diminuir a pressão aerodinâmica na entrada da grande reta, no entanto, não surtiram efeitos práticos.
Tão diferente de Jerez e Hungaroring, tão igual a ambas: Barcelona permanece no calendário não sem uma dose de ironia. É de certa forma o símbolo de um fracasso de modelo de construção de autódromos, bem como de uma Fórmula 1 calcada na aerodinâmica e nas estratégias de box. Não é por acaso que ela recebe tantos testes. O Circuit de Catalunya é o protótipo que sintetiza todas as outras pistas da temporada. Julguem por si próprios, vocês, se isso é bom ou ruim...
A preocupação com a segurança e com a economia em câmeras de tv produziu então circuitos compactos, e travados por natureza, embora com características muito distintas entre si – a começar pela receptividade do público. Nas palavras do jornalista Joe Saward, sobre Hungaroring: “Foi um passo [politicamente] importante na época, mas a pista era muito mais ‘para a televisão’ e favorecia mais os engarrafamentos do que as corridas. A mesma coisa acontecia em Jerez de la Frontera e poucos lamentaram quando a Fórmula 1 mudou-se para o novo circuito de Barcelona em 1991”.
Importante lembrar quais as condições políticas do surgimento do circuito. A Espanha aderira já fazia cinco anos à Comunidade Europeia, deixando para trás aos poucos a relativa pobreza. Barcelona sofria dos problemas usuais causados pelo inchaço urbano, ao mesmo tempo que ensaiava um projeto de recuperação inovador, assentado nos Jogos Olímpicos de 1992. A construção de um autódromo na vizinha Montmeló era um anexo desta mesma política, o que não impediu os esforços para que se levantasse uma das mais modernas praças automobilísticas da época.
Quando a Fórmula 1 chegou lá pela primeira vez a tinta mal havia secado, mas a impressão de modernidade se confirmou. O traçado era constituído, claro, de uma série de curvas de baixa e média velocidade, com uma novidade, porém: uma enorme reta, de mais de 1 km de extensão, a maior já vista desde que a Mistral de Paul Ricard tinha sido “cortada” ao meio (talvez pela curvatura que faziam, as retas de Hockenheim nunca entraram nesta contagem).
Da primeira corrida, ficou gravado na retina Senna e Mansell descendo a reta, a centímetros de distância, milimetricamente emparelhados. A impressão inicial, porém, se desgastou com o passar dos anos, em aborrecidas procissões que se repetiam como feriados religiosos, ao longo dos anos 90. Não que a pista tivesse sofrido grandes modificações, apesar dos eventos de Imola em 1994, Barcelona permanecia um exemplo de segurança, embora não sem contratempos.
Uma série de fatores minou a popularidade da pista, e o principal, sem dúvida, foi o refinamento aerodinâmico, que fez os carros da Fórmula 1 gerarem cada vez mais turbulência, fenômeno este involuntariamente favorecido pelo traçado catalão.O marco clássico disso foi o GP da Espanha de 1999, histórico por ter registrado apenas uma manobra de ultrapassagem em pista em todas as suas 65 voltas.
Recentemente, o traçado recebeu modificações pontuais no último trecho, na tentativa de criar oportunidades de disputa de posição. Uma curva mais fechada ao fim da reta oposta e uma chicane para diminuir a pressão aerodinâmica na entrada da grande reta, no entanto, não surtiram efeitos práticos.
Tão diferente de Jerez e Hungaroring, tão igual a ambas: Barcelona permanece no calendário não sem uma dose de ironia. É de certa forma o símbolo de um fracasso de modelo de construção de autódromos, bem como de uma Fórmula 1 calcada na aerodinâmica e nas estratégias de box. Não é por acaso que ela recebe tantos testes. O Circuit de Catalunya é o protótipo que sintetiza todas as outras pistas da temporada. Julguem por si próprios, vocês, se isso é bom ou ruim...
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