A fatalidade que vitimou Gustavo Sondermann, no último dia 3, em Interlagos, foi, como a maioria das fatalidades o são, uma infeliz confluência de tendências. Uma chuva forte, um conceito de carro problemático, muitos pilotos afoitos - e, ao mesmo tempo, uma categoria profissional, um autódromo reconhecido mundialmente.
Mais do que um acidente, a fatalidade de Sondermann abriu uma verdadeira caixa de Pandora do automobilismo brasileiro, como se escancarasse todos aqueles problemas que vinham sendo sentidos, mas impossíveis de serem determinados com precisão. Nas palavras de Guimarães Rosa, era como se, para que chovesse, só faltasse cair água. E domingo, ela caiu.
Já virou certo lugar-comum apontar problemas no esporte a motor praticado aqui, por essas bandas. O Brasil era uma fábrica de pilotos de ponta, que davam medo em qualquer inglês. Hoje, não produz mais talento humano. Tinha autódromos elogiados por todos os estrangeiros; poucos estão em condição decente de uso no momento.
Num panorama como esse, a Stock Car ocupa a posição de menina dos olhos. Um sucesso de público e renda que os monopostos, cujos grids a duras penas reúnem mais de dez carros, são incapazes de igualar. O estranho é essa imagem de profissionalismo e seriedade conviver com uma cobertura televisiva limitadíssima, alterações mal explicadas de resultados de provas, peças de carenagem que se desprendem sem motivo aparente e um sistema de pontuação que carece de lógica.
A fatalidade de Sondermann tanto é mais chocante por ter acontecido nesse meio, numa das adjacências da Stock, a Copa Montana. A decisão da direção de prova de autorizar a largada sem condições de visibilidade, um toque numa curva que já havia vitimado um outro piloto...
Há um problema no mundinho do automobilismo brasileiro. É difícil de acreditar, porém, que esse problema é a curva do Café. Estamos falando de algo que está abaixo do asfalto e além das barreiras de proteção. É uma questão de mentalidade.
Monday, April 4, 2011
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