Saturday, March 27, 2010

Reflexões pessoais sobre os treinos para o GP da Austrália


VOCÊ SABE QUE É JOVEM quando assistir as etapas asiáticas e australiana da Fórmula 1 é mais fácil do que as da temporada européia. No Brasil, as corridas européias exigem que se acorde antes das 9h da manhã, um tormento para quem quer curtir as noites de sexta e sábado.

Já para assistir aos treinos de ontem, bastou, para mim, encerrar a noitada mais cedo. Liguei a TV uns cinco minutos antes da transmissão começar. Quando a bandeira quadriculada desceu sobre Alonso no Bahrein, 23 anos de idade pesavam sobre mim. Agora, assisto o GP da Austrália com 24 anos recém-completos. Mesmo assim, ainda posso me vangloriar de guardar comigo um pouco de juventude.

AO CONTRÁRIO DE MIM, espero que os especialistas de plantão tenham assistido sóbrios aos treinos desta madrugada. O pouco que retive dele foram as escapadas de traseira que os carros teimavam em dar na curva 13, uma ou duas voltas mais interessantes, e as minhas próprias preocupações.

O crítico
Fredric Jameson diz que os prédios altos e espelhados são típicos da arquitetura pós-moderna, pois ao se refletirem, retratam também os fluxos informativos e a inter-relação entre as multinacionais típicas do capitalismo tardio. Os arranha-céus que crescem ao fundo de Albert Park são um contundente testemunho de quanto tempo passou desde que a Fórmula 1 aportou por lá da primeira vez – ainda lembro de ter tentado, inutilmente, aos dez anos de idade, permanecer acordado até o final da prova, em 1996. Um acidente múltiplo que catapultou Martin Brundle obrigou a bandeira vermelha na primeira volta, e adormeci antes da segunda largada. Acordei com a TV ligada, passando o compacto da corrida.

POR TRÁS DAS NUVENS CARREGADAS DA MINHA MEMÓRIA, ainda pude ver a volta imperfeita de Vettel que lhe garantiu a pole position. Ao sair do carro, eufórico, apontou raivosamente o dedo indicador para a câmera. Acredito que, na verdade, o alemão queria ter mostrado era o dedo do meio, como se afirmasse sua condição de postulante ao título mundial deste ano.

Vettel derrapou, entrou errado na curva 13, ainda assim marcou a pole. Na segunda tentativa, não conseguiu chegar nem perto da primeira marca nas parciais. Ele é pouco mais novo que eu. Ele está louco pra mostrar a que veio. Teremos uma boa corrida amanhã.

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