Do asfalto irregular aos alagamentos, por mais que a organização tentasse manter São Paulo do lado de fora do circuito, a cidade e seus problemas se infiltraram como água (até literalmente) por entre suas barreiras de concreto, e se tornaram os reais protagonistas da prova no Circuito do Anhembi.
O descaso do poder público e o desinteresse da sociedade civil por seus espaços de convivência fizeram da maior cidade da América Latina o caos que ela é hoje, seus abismos sociais e sua precariedade. Tudo isso pôde ser visto com nitidez na São Paulo Indy 300, ela mesma produto da “força da grana que ergue e destroi coisas belas”.
As emergências estruturais da metrópole não costumam explodir assim nas corridas internacionais que a cidade abriga, já que o Autódromo José Carlos Pace é muito mais bem equipado e costuma se tornar uma ilhota de primeiro mundo em dias de GP Brasil.
E como a FOM jamais cederia Interlagos para a Indy, São Paulo teve ontem a primeira oportunidade de ver uma corrida de carro em suas ruas desde 1936.
Obviamente, muito do espírito se alterou em sete décadas. Se antes o local escolhido havia sido o nobre Jardim América, residência da elite, um dos bairros planejados da City, para este ano foi eleito o triângulo entre um sambódromo modernista, uma área de eventos de arquitetura industrial e uma das avenidas mais feias do país. Encravado à beira de um rio poluído, a transmissão da prova compensou a falta de apuro estético com o abuso de planos fechados e câmeras aéreas em longínquos helicópteros. Desnecessário dizer que o equipamento televisivo é incapaz de transmitir cheiros.
Se em 1936 o GP da Cidade de São Paulo atuava como uma vitrine para seduzir a afortunada elite paulistana a adquirir um automóvel, hoje a Indy rasga uma Marginal Tietê entupida de carros nos dias de semana.
Algo, no entanto, se manteve: o amadorismo. O mesmo que matou espectadores em 1936 deu as caras ontem para determinar uma largada numa reta estreita demais para tal procedimento, para ignorar o risco de chuva forte, para fazer os pilotos se arriscarem em um piso mal preparado.
Ontem, a Indy nos mostrou que talvez, em São Paulo, a falta de planejamento não seja um dado conjuntural, mas uma marca bem mais arraigada do modus operandi dessa metrópole louca.
O descaso do poder público e o desinteresse da sociedade civil por seus espaços de convivência fizeram da maior cidade da América Latina o caos que ela é hoje, seus abismos sociais e sua precariedade. Tudo isso pôde ser visto com nitidez na São Paulo Indy 300, ela mesma produto da “força da grana que ergue e destroi coisas belas”.
As emergências estruturais da metrópole não costumam explodir assim nas corridas internacionais que a cidade abriga, já que o Autódromo José Carlos Pace é muito mais bem equipado e costuma se tornar uma ilhota de primeiro mundo em dias de GP Brasil.
E como a FOM jamais cederia Interlagos para a Indy, São Paulo teve ontem a primeira oportunidade de ver uma corrida de carro em suas ruas desde 1936.
Obviamente, muito do espírito se alterou em sete décadas. Se antes o local escolhido havia sido o nobre Jardim América, residência da elite, um dos bairros planejados da City, para este ano foi eleito o triângulo entre um sambódromo modernista, uma área de eventos de arquitetura industrial e uma das avenidas mais feias do país. Encravado à beira de um rio poluído, a transmissão da prova compensou a falta de apuro estético com o abuso de planos fechados e câmeras aéreas em longínquos helicópteros. Desnecessário dizer que o equipamento televisivo é incapaz de transmitir cheiros.
Se em 1936 o GP da Cidade de São Paulo atuava como uma vitrine para seduzir a afortunada elite paulistana a adquirir um automóvel, hoje a Indy rasga uma Marginal Tietê entupida de carros nos dias de semana.
Algo, no entanto, se manteve: o amadorismo. O mesmo que matou espectadores em 1936 deu as caras ontem para determinar uma largada numa reta estreita demais para tal procedimento, para ignorar o risco de chuva forte, para fazer os pilotos se arriscarem em um piso mal preparado.
Ontem, a Indy nos mostrou que talvez, em São Paulo, a falta de planejamento não seja um dado conjuntural, mas uma marca bem mais arraigada do modus operandi dessa metrópole louca.
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