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Tuesday, May 25, 2010

O dia em que a Simtek acabou

É uma história destinada ao esquecimento, decerto, das menos importantes nesse mundo de milhões de dólares e de vencedores. Arrisco-me, contudo, a contá-la: a breve história da equipe Simtek.

Quinta-feira, 25 de maio de 1995. Há quinze anos, portanto. Os carros entravam na pista para o primeiro dia de treinos para o GP de Mônaco. Em um dos diminutos boxes, o clima estava pesado. Nick Wirth havia declarado: "A não ser que alguns patrocinadores que nos fizeram promessas compareçam com dinheiro, fechamos as portas, pomos os 48 trabalhadores na rua e não vamos ao Canadá". Sua equipe era a Simtek. Ele a havia posto para correr no início de 1994, com a ajuda financeira de Jack Brabham (bancando o cockpit para seu filho David) e da SMS Motorsport.

De semi-anônima equipe do fim do grid, a Simtek foi alçada às primeiras (ou segundas) páginas dos noticiários após a morte de um de seus pilotos, Roland Ratzenberger, no sábado 30 de abril, durante os treinos oficiais para o GP de San Marino em Imola.

Duas corridas depois, o piloto substituto, Andrea Montermini, também sairia gravemente ferido de uma batida durante o GP da Espanha, à qual ele felizmente sobreviveu. E outra vez ainda, durante testes em Silverstone, David Brabham escapou ileso de um outro acidente.

Wirth poderia ter desistido. Mas resolveu seguir em frente e no ano seguinte a equipe viu sua fama de cadeira elétrica ficar para trás ao construir um carro eficiente, que dava poucos problemas e recebia a potência do motor Ford Cosworth ED, em substituição aos ultrapassados HB de 1994. Os resultados começavama aparecer com o melhor piloto que já correu naqueles carros roxos, Jos Verstappen. Largar do meio do grid passou a ser normal. Em Barcelona, o holandês partiu da 16a posição e chegou em 12o.

Olhando em retrospecto, diz-se que a falha de Wirth, reconhecido como ótimo engenheiro, foi ter sido presa de seu pouco tino comercial. Retornamos ao GP de Mônaco de 1995. Aqueles patrocinadores a quem ele se referiu não vieram.

Quando as luzes verdes se acenderam no principado, os carros partiram e encontraram um acidente múltiplo na primeira curva. A largada foi cancelada. Houve um segundo procedimento. O pelotão largou novamente, mas dois carros não estavam mais lá. Eram os Simtek . O de Verstappen sucumbiu a problemas de câmbio. E como se o azar fosse pouco, enquanto içavam o carro de Domenico Schiattarella (foto) após o acidente da primeira partida, os comissários o deixaram cair, destruindo o chassi.

A Simtek não foi mais para o Canadá. Nem para lugar algum. Wirth, poucos meses após a falência da equipe, trabalhava no projeto de um novo túnel de vento para a Benetton, encomendado por seu amigo Flavio Briatore. Este ano, ele retorna à Fórmula 1 no comando de um time: a Virgin, que esboça futuro igual ou pior à de sua primeira tentativa.

Thursday, April 30, 2009

GP de San Marino de 1994 - Treinos oficiais de sábado

(continuação)

Reginaldo Leme pergunta a Barrichello qual foi sua reação ao ver as imagens do impacto pela primeira vez, algo que acontecera há poucos minutos. “Foi bem mais impressionante do que quando eu estava guiando o carro”, exclamou. Ele explica que sua memória apagou logo após esterçar o carro à esquerda e perceber que iria sair da pista. “O Geraldo [Rodrigues, empresário do piloto na época] tinha dito pra mim que você perguntou pra ele ‘Quem bateu em mim?’”, emenda Galvão. “[risos] Não, eu sei que ninguém bateu em mim, eu estava fazendo uma volta muito rápida, dando o máximo que eu podia, e acabei na barreira [hesita brevemente] sem problema nenhum, graças a Deus”.

Damon Hill passa um segundo acima do tempo de Ayrton. Pulou da sétima para a quarta posição. Mais uma volta, e fica a seis décimos de seu companheiro. Pouco antes de chegar na Villeneuve, a câmera o flagra passando por uma Simtek. Era David Brabham.

Hill dá mais uma volta, e antes que possa completá-la, a transmissão corta para um carro despedaçado rodopiando. O capacete do piloto pende para um lado. O GC confirma o nome: Ratzenberger.

Paralisação
Poucos notam o heroísmo dos três fiscais que primeiro chegam ao local, cruzando a pista sem que o treino tenha sido interrompido.Finalmente, a bandeira vermelha.

As câmeras captam cada detalhe do socorro, a cara preocupada de um fiscal, o trabalho dos paramédicos para retirar o piloto do cockpit, alguém coordenando a operação. Enquanto isso, Galvão critica o regulamento desportivo, que teria deixado os carros mais inseguros. “Eu até perguntei isso para o Senna ontem e ele ficou quieto (...) Não sei nem se eu estou falando besteira, depois quero até a opinião do Rubinho”. O narrador chega a pedir para os espectadores não olharem ao ver que Ratzenberger estava recebendo massagem cardíaca, e que havia sangue no local.

Barrichello assistiu a tudo da cabine da Globo. Enquanto emitia sua primeira e transtornada opinião, via-se que a Simtek fechava os portões de seu boxe. A massagem cardíaca se estende por um bom tempo. Rubinho toma a palavra. “O que eu acho que deveria existir nas pistas é muita área de escape. Por exemplo, lá na Bélgica em Spa-Francochamps, a Eau Rouge é uma curva que deveria ter uma área maior”.

Galvão lembra que Senna tinha sido o primeiro a conversar com Barrichello no hospital (contrariando, inclusive, indicações médicas), e forneceu inclusive as primeiras informações à imprensa.

O próprio Senna aparece então na tela, negociando uma carona até o local do acidente em um carro oficial. O longo caminho é inteiro filmado, até ele sair do carro, na curva Villeneuve.

Galvão pede as palavras de Barrichello sobre a decisão de Williams e Benetton de não correrem a segunda parte do treino. Foi sua última fala antes de sair da cabine de transmissão. Ele ressalta como os pilotos se sentem mal com um acidente de um adversário. “O Ayrton ontem comigo, se preocupando com acidente, esses momentos são os mais importantes da nossa vida, às vezes receber a bandeirada em primeiro não é o mais importante, mas sim ter um amigo do lado. Principalmente um amigo que para mim é um ídolo há muito tempo”.

Aproximadamente uma hora depois de paralisado, o treino recomeça.

Wednesday, April 29, 2009

GP de San Marino de 1994 - Treinos oficiais de sábado


“É bom ressaltar como é seguro hoje um carro de Fórmula 1, a segurança que ele tem na sua construção, na preocupação com a estrela maior desse circo, que é o piloto”, é uma das primeiras frases que o locutor diz na transmissão dos treinos de sábado para o Brasil.

Galvão Bueno afirma, antes de colocar o reprise do acidente de Barrichello no ar, que ele está muitíssimo bem, está no circuito e prometeu que passaria na cabine para conversar com eles ao vivo.

Gravação com voz de Barrichello: “Eu fiquei desacordado com a batida, ela foi muito forte, eu bati meio fora dos pneus e isso fez com que meu capacete fosse direto para a frente do cockpit, e eu só fui acordar nos boxes. Eu lembro da hora em que eu estou saindo da pista, mas não quando eu bato, e acho que é um momento que nem é bom recordar”. Agradece a Deus, diz que se sente abençoado e que esta é a sua motivação para andar mais forte ainda no futuro.

A câmera corta para Jean Alesi, piloto da Ferrari, perto de uma arquibancada, ao lado de uma faixa em que os italianos o alçam à condição de mito. Estava se recuperando de um acidente. Mika Hakkinen acaba de ter autorização para entrar na pista, logo a seguir vem uma Larousse. E logo depois uma Simtek, a qual não é possível precisar o piloto.

Schumacher é um dos primeiros a ir à pista. Quando a câmera o segue, está próximo de abrir sua primeira volta. Seu tempo na sexta: 1m22s015. Tempo de Senna na sexta: 1min21s538. Tempo de Schumacher em sua primeira tentativa de sábado: 1min21s942. Tempo final: 1min21s885.

Hakkinen, o oitavo no dia anterior, também melhora seu tempo nos primeiros minutos da sessão.

Berger, de Ferrari, na pista, marcou o terceiro tempo na sexta. Seu carro levantou faíscas no meio da Tamburello, se desgarrou levemente na Variante Alta e, na Rivazza, o austríaco trava completamente seu pneu. Na segunda tentativa, passa abaixo do tempo de Senna na segunda parcial. Fecha a volta mais de um segundo acima.

A câmera corta uma Lotus rodando na entrada dos boxes.

Neste momento, Barrichello entra na cabine da Globo. “Um abraço a você [respondendo ao Galvão], abraço ao Regi [naldo Leme], eu tô muito contente de estar aqui, deixo meu abraço ao povo brasileiro, que viu o quanto foi sofrido”. E arremata: “É coisa de corrida, não tem jeito. Acontece com o Senna, acontece com o Prost, por que não vai acontecer com o Rubinho?”