De todos os personagens de uma equipe de televisão que faz a cobertura de Fórmula 1, o mais recente é o repórter que fica nos boxes. A Globo só conseguiu colocar alguém com microfone junto das equipes no início dos anos 90 – exceto em GPs do Brasil, quando a Globo mandava na transmissão, e podiam contar com equipes maiores da emissora já nos anos 80.
A principal dificuldade para tal era a fraca qualidade do áudio que os microfones sem fio produziam nos anos 80, agravado pelo barulho dos boxes e dos carros (numa época em que o passar dos carros na primeira volta eclipsava até a voz dos locutores na sala de imprensa!).
Reginaldo Leme, porém, chegou a tentar uma vez fazer uma transmissão ‘lá embaixo’, e relatou a experiência no Anuário Fórmula 1 1988/89, de Francisco Santos:
Foi no GP de Long Beach de 82. Conseguimos a permissão da Rede ABC de Televisão para passar um cabo por cima dos boxes e eu ficaria ali na frente informando tudo o que acontecesse junto às equipes. Nos primeiros 30 minutos correu tudo bem, depois começaram as paradas dos piltos a correria aumentou, e os dois técnicos da ABC que me acompanhavam carregando o cabo do microfone já estavam ficando doidos. Em uma das vezes em que precisei corer para o outro lado dos boxes, eles resolveram passar o cabo pelo chão esticando-o, na frente dos boxes. Quando vi, tentei gritar pra eles, mas não deu tempo. Vinha entrando no box o carro de Raul Boesel, eu quis fechar os olhos, mas a reação foi oposta: fiquei com os olhos arregalados para ver o tamanho do desastre.
O carro passou pelo cabo em alta velocidade, o cabo se rompeu e só vi o estrondo da lambada nas costas dos mecânicos da Brabham no box em frente. Todos eles se viraram assustados e lá estava eu, com o microfone na mão e alguns centímetros de fio pendurado. Foi só o tempo de esconder com as mãos esse pedaço de fio e sair falando tudo o que me viesse à mente como se fosse um microfone sem fio.
Revendo a tranmissão da Globo do GP de Long Beach de 1983, nota-se que a transmissão estava sendo feita exatamente dessa maneira: Galvão Bueno na sala de imprensa, e Reginaldo Leme nos boxes. Mesmo não tendo acesso ao GP dos EUA-Oeste de 1982, provavelmente Reginaldo se confundiu, e a história que ele conta se passou justamente em 83.
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