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Sunday, October 2, 2011

Dez anos de Hakkinen, dez anos depois

Alguns dias atrás completaram-se dez anos da última vitória de Mika Hakkinen na Fórmula 1, obtida no penúltimo GP de sua carreira, transcorrida durante onze temporadas. Certamente um dos melhores pilotos de sua geração, aquele emblemático GP dos Estados Unidos de 2001 é um bom ponto de partida para um olhar mais detido sobre o finlandês.

Não foi uma corrida comum, certamente. Era o primeiro grande evento esportivo que aconteceria em solo estadunidense após o 11 de setembro. Houve conversas sobre o cancelamento da prova.

Após uma batida no warm-up e a perda de sua melhor volta no sábado, Hakkinen largou em quarto. O piloto da McLaren brigou com as duas Ferrari pela ponta a partir da metade do percurso e até as últimas voltas, primeiro com Schumacher, mas, sobretudo, com Barrichello, que o perseguiu ferozmente até seu motor estourar, a um giro do fim.

Ao cruzar a bandeira quadriculada, Hakkinen havia provado, em 1h30, todas as melhores as qualidades que demonstrara anteriormente: indiferença aos revezes, frieza ao ser atacado, capacidade de reagir psicologicamente. Mal saiu do carro, foi erguido no colo por Ron Dennis e Norbert Haug; e depois, no pódio, por Schumacher (seu mais tenaz adversário) e por Coulthard (seu mais fiel companheiro de equipe).

Ele ainda correria o GP do Japão de 2001, mas sua despedida simbólica da Fórmula 1 já estava consumada.

"HAKKINENS"
Foi um "adeus" memorável, mas seria uma redução imperdoável dizer que aquela prova resume sua carreira. Em onze anos, o piloto assumiu quase tantos papéis diferentes quanto o teatro do automobilismo pode oferecer.

Deixemos de lado os dois primeiros anos corridos em uma Lotus à beira do abismo. No fim de 93, 'efetivado' pela McLaren, ele foi um prodígio, um futuro campeão, capaz de (oh!) superar Senna em uma sessão classificatória. No ano seguinte, já primeiro piloto da equipe, liderou-a com segurança ímpar, uma segurança desmedida, diga-se, pois não foram poucas as vezes que ele encontrou o muro. Causou tantos acidentes que a FIA o suspendeu por uma corrida. A McLaren, como que por piada, o substituiu por Philippe Alliot, um dos mais estabanados profissionais à época em atividade.

No fim de 95, o finlandês sofreu seu pior acidente, durante os treinos em Adelaide. Saiu da pista para o coma. Achava-se que seria seu fim. Não era: em 96, voltou ao cockpit já na primeira corrida. Nos dois anos seguintes, não era raro vê-lo andando atrás de Coulthard, com quem já dividia a equipe de Woking.

Mas, em 98, graças ao motor Mercedes, ao projeto de Newey e aos pneus com ranhuras, Hakkinen se viu na inédita posição de favorito ao título. Sua primeira vitória havia chegado, tardiamente, no ano anterior: 96 GPs após a estreia (recorde negativo para a época) e dada de presente por Jacques Villeneuve. Sua segunda também foi assim: era líder, mas um erro da equipe o jogara atrás de seu companheiro; após pedido de Dennis, o escocês concordou em trocar as posições.

O campeão de 1998 foi considerado, à altura, mais o fruto de um bom carro do que o dono de uma pilotagem brilhante. O ano seguinte, o do bicampeonato, o viu em posição pior: uma segunda metade de temporada marcada por instabilidade emocional, pontos perdidos por nada e até um abandono na liderança, em Monza, que terminou com lágrimas derramadas à beira da pista. A redenção chegou na última prova, com a frieza já recuperada.

Mas a consagração veio só um ano depois. E não bastou mais do que uma reta, uma curva, um retardatário e a ultrapassagem mais espetacular da década, sobre Schumacher, para encher o finlandês de respeito.

Em 2001, com um carro incapaz de vencer as Ferrari, Hakkinen se viu abatido por uma nuvem negra que o acompanhava aonde quer que fosse. O azar encontrou sua expressão máxima quando o fez abandonar, líder, a 500m da linha de chegada, em Barcelona.

Nada mais difícil que sintetizar a carreira de Hakkinen. É certo que ele jamais foi um piloto completo - era uma negação na chuva e não tinha um preparo físico tão bom quanto muitos de seus pares -, mas mais de uma vez se mostrou arrojado, mais de uma vez deu provas de inteligência e fez uso de uma resistência psicológica estonteante na maior parte dos anos em atividade. Especialmente quando derrotava Schumacher.

Friday, November 5, 2010

Brasil 1-2-3

Como prometido no post anterior, as três primeiras posições de uma corrida já foram ocupadas unicamente por brasileiros uma vez. Essa configuração histórica durou aproximadamente três segundos.

Foi durante o GP dos Estados Unidos de 1991, disputado nas ruas de Phoenix, Arizona, um buraco no qual a Fórmula 1 caiu durante três temporadas.

Ayrton Senna largou na frente e desapareceu, liderou todas as voltas e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. Atrás dele, a prova foi um pouco mais agitada. Alain Prost estava em segundo lugar até fazer seu pit stop. Aí Riccardo Patrese herdou a posição. Nelson Piquet e Roberto Moreno, ambos na Benetton, vinham logo atrás.

Naquela altura da prova, a volta número 50, as Benetton, de pneus Pirelli, estavam com os compostos mais bem preservados que a Williams do italiano, de Goodyear. A certa altura, Patrese tentou andar mais que o carro e rodou. Parou no meio do traçado.

Piquet conseguiu desviar por pouco - pra falar a verdade, ele se safou com uma derrapagem digna de rali. Moreno vinha mais aberto e encheu a dianteira de Patrese.

Senna na frente, Piquet, incólume, em segundo, e Moreno, embora sem uma roda, devidamente grudado no muro, em terceiro. O momento de glória do automobilismo brasileiro estava pintado.

É claro que logo depois o Alesi passou os restos da segunda Benetton e acabou com a festa. Mas, como diria Vinicius, foi eterno enquanto durou.

Vocês podem ver como foi a batida neste vídeo aqui:

Thursday, May 27, 2010

O que Austin pensa sobre a Fórmula 1?

Ontem, a cidade de Austin, acordou sabendo que seria a sede de um GP dos EUA de Fórmula 1. Danilo Regi de Almeida, um colega meu de faculdade, chegou à capital texana há alguns poucos dias e me manda notícias diretamente de lá. Em primeiro lugar, comprou o Austin American-Statesman de ontem e me mandou o link da matéria, de capa, na versão online.

Saltam aos olhos algumas explicações extremamente didáticas sobre o que é Fórmula 1, comparada à Nascar e à Indy. Mas também traz informações relevantes a nós, iniciados: há três locais prováveis para o autódromo ser construído, o financiamento deve ser privado, ao menos majoritariamente. Mas ainda falta muito a ser explicado - o título da matéria, "A Fórmula 1 está vindo para Austin?", fala por si. Espera-se que cada GP tenha o impacto econômico de um Super Bowl.

O próprio Danilo saiu por lá perguntando o que as pessoas achavam da Fórmula 1 corer na cidade, se bom, se ruim, ou mesmo se sabiam do que se tratava. Com a palavra, o repórter:

Quando mostrei a noticia da capa para a caixa (ou atendente) do Starbucks que me vendeu o jornal, Lindsey, ela disse ser algo maravilhoso, mas que ela nunca assiste a corridas, nem a Nascar. O recepcionista Armando, mexicano morando aqui há 1 ano, diz que gosta de corridas mas não lembra qual a última que assistiu e não conhece Fórmula 1. O motorista de taxi Gary, fã da Nascar, ao ver a pergunta na capa do jornal disse que a F1 não deve vir pra Austin porque é muito cara.

O reparador Micky, um fã do automobilismo (esse disse que gosta mesmo) disse que não gosta muito de assitir à Nascar porque acha um pouco monótona, mas ja estava sabendo da vinda da Fórmula 1 e irá assistir à prova porque pensa que pode ser excitante uma corrida nesse tipo de circuito.

O recepcionista Ryan diz que a vinda da formula 1 é boa como qualquer coisa que atrai mais turistas para cidade mas acha muito (ele disse fucking) chato essas provas com 50 voltas num mesmo circuto. Ele prefere corridas de rua ao estilo Velozes e Furiosos.

Talvez você já saiba, um cara de um estado do norte, estudante, me falou que só o pessoal do sul e sudoeste americanos realmente liga para corridas de carro.

É isso por enquanto. Se o correspondente mandar mais notícias, elas serão aqui publicadas.

Monday, December 14, 2009

John Cooper, sobre o GP dos Estados Unidos de 1959


“Jamais consegui descobrir o que realmente causou a pane seca no carro de Jack Brabham. Eu tinha o hábito de colocar sempre uns dez litros a mais do que indicavam nossos cálculos de consumo para as corridas. Lembro, porém, que em Sebring o Jack não quis largar com esse peso extra. O importante é que conseguimos garantir o título. Brabham e Moss eram grandes pilotos e engenheiros, mas de todos com quem trabalhei, Jack foi o melhor. Stirling talvez fosse o mais rápido, mas nunca foi campeão do mundo. Talvez porque nunca tomou a decisão certa no momento certo. Eu o comparo a Mansell, enquanto Jack me lembra o Prost. Bruce era um grande segundo piloto”.

Declaração publicada pela revista francesa L’Automobile em seu guia para a temporada de 1999. A tradução postada aqui foi retirada da edição especial da revista Carro sobre a Fórmula 1, de março de 1999.

Tuesday, October 6, 2009

Cartazes - GP dos Estados Unidos 1974

Uma grande colaboração de Paulo Alexandre Teixeira, o homem por trás do Continental Circus, não me deixou passar em branco os 35 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi - o que blogs mais competentes já devem ter abordado.

A imagem nos traz uma imensa Ferrari em primeiro plano seguida de perto por uma Shadow. O número 12 era usado por Lauda à época, mas o ilustrador recorreu à licença poética de representá-lo de capacete amarelo. O carro atrás designa Jean-Pierre Jarier.

A linha fina, abaixo do nome do GP, faz da peça um precioso documento histórico. O "Formula One for the World Championship of Drivers" remete a uma época em que Fórmula 1 (especificação de um carro de competição) e Campeonato Mundial de Pilotos eram conceitos distintos - a "Fórmula 1" só unificou ambos oficialmente em 1981.

O total de prêmios em dinheiro distribuído também é colocado: 300 mil dólares, o que na época era uma bolada. O GP em Watkins Glen era o que melhor remunerava os participantes. Nesta época, os chamados adiantamentos de participação (que os promotores pagavam para cada carro que alinhase, o valor variando de acordo com o talento e o valor da imagem de cada piloto ou time) e os prêmios por vitória ainda eram importantíssimas fontes de receita das equipes. Quando as receitas de royalties pela transmissão televisiva superaram de longe esta outra, Glen perdeu importância e seu lugar no calendário.

Um pouco do que sobrou daquele bucólico e simpático autódromo no estado de Nova York foram as imagens. O que nos leva ao ponto alto do cartaz: note como ele soube reproduzir bem a paleta de cores de um típico GP dos Estados Unidos da época, os tons de azul, verde e amarelo, até mesmo a torcida. Abaixo, para efeito de comparação, Andretti correndo com sua Parnelli em Watkins Glen, em 1974.