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Wednesday, August 20, 2008

GPWC – Por que a boa e velha Fórmula 1 não se dividiu em 2008


Este simpático e complicado esquema é a estrutura administrativa da Fórmula 1 hoje. Muitos detalhes dele não cabem aqui, mas tentarei dar uma noção de como se chegou até isso.

Pois bem, no último post da série, a Folha deu a entender que os credores de Kirch não estavam interessados na Slec, mas as montadoras estavam. Ocorreu o contrário. A GPWC nunca viu a cor das ações da holding. Dizem por aí que ela ainda existe, mas sem a mínima força política.

Enfim, 75% da Slec caiu nas mãos de um grupo formado por Bayerische Landesbank, JPMorgan Chase e Lehman Brothers, reunidos sob o nome de Speed Investments.

Ocorre que foi mantida uma condição que prevalecia desde quando a EM.TV e a KirchMedia assumiram o controle: mesmo com maior controle acionário, a maioria dos votos continuariam pertencendo a Bernie Ecclestone.

A maioria dos votos era algo que os bancos queriam. Antes de conquistá-la, porém, deveriam prestar contas à Comissão Européia. Durante estes trâmites, Ecclestone se antecipou ao Speed Investments: colocou a Slec e outras empresas sob controle da Bambino Holdings, de forma a blindar seu controle sobre a categoria.

Os bancos responderam em meados de novembro de 2004, processando Bernie pelo comando da Fórmula 1, e ganhando na justiça este direito, no dia 6 de dezembro de 2004.

Mas não por muito tempo. No dia seguinte, Ecclestone se reuniu com chefes de equipe no aeroporto de Heathrow, em Londres, oferecendo 260 milhões de libras em troca de renovação unânime ao Pacto da Concórdia, garantindo a unicidade da categoria após 2007 e isolando os bancos - a partir deste momento, a GPWC virou um órgão quase simbólico. Semanas depois, um representande da Speed Investments declarou que o grupo não tinha a intenção de retirar Ecclestone do comando.

Ainda houve outros pormenores no caminho, até a Fórmula 1 se tornar o que é. Para ser mais exato, a Fórmula 1 não mudou nada, apenas passou por mãos diferentes nestes últimos anos...

Monday, August 18, 2008

GPWC – “Kirch oferece ações, e montadoras agora ficam perto de controlar F-1”

Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Folha de S. Paulo


Recapitulando: de um lado, temos uma situação política irreconciliável entre as montadoras e a Fórmula 1, que caminhava em passos cada vez mais largos para a cisão e criação de uma nova categoria, a partir de 2008.

Do outro lado, temos uma vaga lembrança do Campeonato Mundial de Fórmula 1, que começou em março último, em Melbourne. Neste, a Ferrari (Fiat), McLaren (DaimlerChrysler), Renault e BMW largaram, o que leva à conclusão de que não foi criada uma nova categoria...

A matéria da Folha, em fevereiro de 2002, conta o ‘início do fim’ da GPWC:

“As montadoras de automóveis nunca estiveram tão perto de controlar a F-1. Ontem, o grupo alemão KirchMedia, que detém 58% da holding que comanda a categoria, ofereceu suas ações para a GPWC, empresa que reúne as fábricas envolvidas com o esporte”.

“Junto com o lote iriam outros 17% que pertencem à EM.TV, associada da Kirch”.

Explica-se: em contrapartida aos gastos bilionários com direitos comerciais e de tranmissão de eventos esportivos, Leo Kirch também acumulou uma bela dívida, que alcançavam US$4,5 bilhões. Ele pegou US$1,5 bilhão de empréstimos em bancos, que venceriam em junho de 2002. A mesma quantia também foi tomada da News Corp, ou seja, de Rupert Murdoch, e venceria em outubro do mesmo ano.

Kirch não teve escolha a não ser vender suas ações da Slec para pagar estas dívidas. Primeiro, tentou negociá-las diretamente com Murdoch, que recusou. Depois, ofereceu-as a Bernie Ecclestone. Ecclestone vendeu as ações a Kirch por US$1,4 bilhão, e este estava pedindo a metade do preço para o inglês comprá-las de volta. Bernie, sabe-se lá por quê, recusou.

O alemão, então, teve de recorrer às montadoras, já organizadas na GPWC. Apesar de Juergen Hubbert, presidente da Mercedes-Benz, negar as negociações, Kirch vazou que elas estavam ocorrendo, sim.

Ter ações da Slec seria extremamente conveniente para as montadoras, pois não precisariam mais começar um novo campeonato mundial. Afinal, a GPWC não faturaria tanto concorrendo com a Fórmula 1 quanto a Fórmula 1, se esta continuasse a não ter concorrentes. Além disso, as ações da Slec nunca estiveram tão baratas...

Friday, August 15, 2008

GPWC – “Um racha na Fórmula 1”

Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Veja (5 dez. 2001 – Diogo Schelp)

Veja publicou sua matéria sobre o caso justamente na época da criação oficial da GPWC. Há uma breve retrospectiva do caso: a Slec renovou os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 por mais de 100 anos; as montadoras não possuem ações da Slec e estas não estão à venda; logo, as montadoras não possuem os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 para os próximos 100 anos.

As informações ‘quentes’ são as mesmas presentes na notícia da Folha. Reafirma-se que a motivação das montadoras é “controlar tudo diretamente”.

A revista suspeita, também, que a KirchMedia tenha que buscar na tv a cabo a receita necessária para cobrir os “6 bilhões de reais” gastos na compra de 75% da Slec. As equipes, no entanto, maiores investidoras da categoria, precisariam da tv aberta para que a visibilidade de suas marcas compensasse o que foi despejado na competição.

Infelizmente, Veja mantinha o hábito que perdura até hoje de revelar o mínimo sobre suas fontes: “Na tentativa de abortar o nascimento de um campeonato rival, a Kirch comprometeu-se a manter o sinal disponível para negociações com TVs abertas, mas poucos (poucos? Quantos, exatamente? Quem, exatamente?) acreditam que poderá honrar esse compromisso”.

Mais uma suspeita: “Depois de gastar 2,4 bilhões de reais para ter o monopólio da transmissão das próximas duas Copas do Mundo de Futebol, Leo Kirch, dono da companhia, deu-se conta de que o valor foi alto demais”. Claro que a revista esqueceu-se de considerar que uma copa do mundo é feita a cada quatro anos, e dura menos de um mês, enquanto a F1...

Mas isso é outra história.

Sunday, August 10, 2008

GPWC – “Montadoras cumprem ameaça e formalizam F-1 paralela em 2008”

Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Folha de S. Paulo

No fim do ano, as montadoras parecem estar falando sério. Tanto que criaram formalmente, na Suíça, a empresa GPWC Holding B. V.. A sigla vem de Grand Prix World Championship, ou seja “Campeonato mundial de Grand Prix”. Ou seja, uma categoria de monopostos que não é a Fórmula 1.

A incumbência da holding foi criar uma categoria automobilística do zero até 2008. Nada fácil, mas repara quem assinou embaixo da GPWC: Fiat (Ferrari), DaimlerChrysler (McLaren), Renault, Ford (Jaguar), BMW.

Para presidir a nova empresa, claro, Paolo Cantarella, da montadora italiana. Em comunicado, demonstram eloqüência: “O projeto visa canalizar toda a receita gerada com os GPs para as equipes (...) Queremos, antes de tudo, beneficiar os participantes da categoria. Com transparência”.

A Folha de S. Paulo faz bem em explicar o contexto de tal declaração: “Atualmente, a divisão de todo o dinheiro que entra na F-1 é feita pela SLEC, criada por Bernie Ecclestone e vendida neste ano para Leo Kirch, do grupo KirchMedia”.

E pensar que quando a Fórmula 1 largou esse ano, em Melbourne, o paddock estava tão tranqüilo...

Wednesday, August 6, 2008

GPWC – “Kirch amplia domínio sobre transmissão de Fórmula 1”

Os fatos narrados nesta seção ocorreram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Folha e S. Paulo

Após o rebuliço inicial, entre março e junho, o caso foi perdendo espaço na mídia. O segundo semestre chegou, com ele também os atentados de 11 de setembro, a indefinição sobre a etapa de Indianápolis que terminou por ocorrer normalmente, e, finalmente, o fim do campeonato.


E foi após a prova japonesa que chegou a notícia de que a EM.TV cedeu definitivamente sua parte das ações da Slec à sua congênere KirchMedia. Leo Kirch, que sempre fora o mais ativo dos sócios na Slec, passou a possuir 75% das ações. Sabidamente persona non grata entre as montadoras, a ameaça de cisão sobre a Fórmula 1 voltava a pairar sobre o circo.

Saturday, July 26, 2008

GPWC – “FIA cede direitos da F-1 por mais 100 anos”

Os acontecimentos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Folha de S. Paulo

Previamente negociado, antes mesmo de a KirchMedia comprar as ações da Slec, o acordo foi formalizado no fim de abril. O contrato anterior previa que a Slec deteria os direitos de transmissão da Fórmula 1 até 2010. O novo acordo dava à mesma empresa tais direitos em 2011 e nos 99 anos seguintes.

Em Paris, local da ratificação, estavam representantes das três empresas detentoras da Slec: EM.TV, KirchMedia e FOM. Às turras com a Comissão Européia, que acusava o órgão de monopólio, a FIA respirou aliviada com o acordo, soltando em comunicado: “O contrato é um passo importante para preencher os requisitos da Comisão Européia, que defende a separação das nossas atividades comerciais e esportivas”. De fato, houve boa repercussão em Bruxelas.

Ao assinar este acordo, as três detentoras da Slec concordaram com uma cláusula imposta à FIA pelas montadoras: que a Fórmula 1 deve ser mantida em tv aberta.

Ora, se isto ficou previsto em acordo, por que então as montadoras mantinham seus planos e montar uma nova categoria?

Ainda a resposta virá mais pra frente, mas já é possível adiantar alguns dados: A EM.TV e a KirchMedia, no que diz respeito às tais ações, estavam sob controle de uma só pessoa, Leo Kirch. Para garantir cem anos de transmissão, ele gastou US$313 milhões. Os gastos totais desde a compra das ações da Slec já chegavam a US$3,1 bilhões para o conglomerado de mídia alemão. Como cobrir tais custos rapidamente?

Thursday, July 24, 2008

GPWC – “Carta do Editor” de Sergio Quintanilha

Informações: Racing (18 de abril de 2001)

Sergio Quintanilha, na época editor da revista Racing, comentou em sua coluna alguns detalhes da situação. Em primeiro lugar, trata dos 75% das ações da Slec pertencentes aos grupos de mídia alemães, ambas sob o comando de Leo Kirch. “Acontece que a negociação havia sido feita com Thomas Haffa. Este, à beira da falência, passou a EM.TV a Kirch”.

“O mais incrível é que a tal Slec ainda deve US$ 360 milhões à FIA. Ou seja, Mosley pode romper o contrato e passar a Fórmula 1 ao controle da Acea (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis) no futuro próximo”.

Na mesma edição, Nelson Piquet, que assinava regularmente uma coluna na revista, comentou o assunto. Na época, ele se dedicava a falar mal de Rubens Barrichello e exaltar conquistas brasileiras nas categorias de base. E foi ao mencionar o talento destes pilotos na Fórmula 3000 que roçou a questão: “Torço para que não sucumbam ao redemoinho que ameaça a categoria”.

Tuesday, July 22, 2008

GPWC – “Montadoras ameaçam sair da F-1 e inventar categoria”

Os acontecimentos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.

Título e informações: Folha de S. Paulo

A sorte está lançada. No início de março de 2001, outro grupo de mídia alemão, KirchMedia, compra uma fatia das ações da Slec. O grupo, juntamente com a EM.TV, eram duas das maiores operadoras de pay-per-view européias.

As montadoras reagiram por dois motivos: primeiro, não sobrou Slec para elas – Ecclestone ainda detinha 25% das ações, através da Formula One Management (FOM), e, procurado pelas fábricas, havia estipulado um preço nas alturas.

Mas também havia outra preocupação: o retorno dos bilhões investidos por elas na categoria vem da publicidade. Com duas operadoras de pay-per-view no controle da Fórmula 1, nada as impediria de colocar as transmissões neste sistema.

Leo Kirch, dono da KirchMedia, assinou um compromisso de que iria manter as transmissões em sinal aberto, embora poucos tenham acreditado. Por isso, a Acea, asociação de montadoras na Europa, divulgou um comunicado no início de abril anunciando a criação de um novo campeonato. Faziam parte da Acea: Fiat (representando a Ferrari), Ford (dona da Jaguar), Renault (que acabara de comprar a Benetton), DaimlerChrysler (associada à McLaren) e BMW (na época com a Williams querendo comprá-la).

A manutenção do sinal em tv aberta era a bandeira do grupo, cujo porta-voz e presidente da Fiat evocava: “Dedicamos muita energia a este esporte, que gera grande audiência no mundo. Queremos um futuro organizado para que todos possam acompanhar as corridas”.

O campeonato, porém, não poderia ser colocado em prática antes de 2007, por força do Pacto da Concórdia, acordo costurado no início dos anos 80 para manter a Fórmula 1 unida.

A FIA acompanhava o caso à distância, tentando permanecer neutra.