Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
Recapitulando: de um lado, temos uma situação política irreconciliável entre as montadoras e a Fórmula 1, que caminhava em passos cada vez mais largos para a cisão e criação de uma nova categoria, a partir de 2008.
Do outro lado, temos uma vaga lembrança do Campeonato Mundial de Fórmula 1, que começou em março último, em Melbourne. Neste, a Ferrari (Fiat), McLaren (DaimlerChrysler), Renault e BMW largaram, o que leva à conclusão de que não foi criada uma nova categoria...
A matéria da Folha, em fevereiro de 2002, conta o ‘início do fim’ da GPWC:
“As montadoras de automóveis nunca estiveram tão perto de controlar a F-1. Ontem, o grupo alemão KirchMedia, que detém 58% da holding que comanda a categoria, ofereceu suas ações para a GPWC, empresa que reúne as fábricas envolvidas com o esporte”.
“Junto com o lote iriam outros 17% que pertencem à EM.TV, associada da Kirch”.
Explica-se: em contrapartida aos gastos bilionários com direitos comerciais e de tranmissão de eventos esportivos, Leo Kirch também acumulou uma bela dívida, que alcançavam US$4,5 bilhões. Ele pegou US$1,5 bilhão de empréstimos em bancos, que venceriam em junho de 2002. A mesma quantia também foi tomada da News Corp, ou seja, de Rupert Murdoch, e venceria em outubro do mesmo ano.
Kirch não teve escolha a não ser vender suas ações da Slec para pagar estas dívidas. Primeiro, tentou negociá-las diretamente com Murdoch, que recusou. Depois, ofereceu-as a Bernie Ecclestone. Ecclestone vendeu as ações a Kirch por US$1,4 bilhão, e este estava pedindo a metade do preço para o inglês comprá-las de volta. Bernie, sabe-se lá por quê, recusou.
O alemão, então, teve de recorrer às montadoras, já organizadas na GPWC. Apesar de Juergen Hubbert, presidente da Mercedes-Benz, negar as negociações, Kirch vazou que elas estavam ocorrendo, sim.
Ter ações da Slec seria extremamente conveniente para as montadoras, pois não precisariam mais começar um novo campeonato mundial. Afinal, a GPWC não faturaria tanto concorrendo com a Fórmula 1 quanto a Fórmula 1, se esta continuasse a não ter concorrentes. Além disso, as ações da Slec nunca estiveram tão baratas...
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Monday, August 18, 2008
Friday, August 15, 2008
GPWC – “Um racha na Fórmula 1”
Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Veja (5 dez. 2001 – Diogo Schelp)
Veja publicou sua matéria sobre o caso justamente na época da criação oficial da GPWC. Há uma breve retrospectiva do caso: a Slec renovou os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 por mais de 100 anos; as montadoras não possuem ações da Slec e estas não estão à venda; logo, as montadoras não possuem os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 para os próximos 100 anos.
As informações ‘quentes’ são as mesmas presentes na notícia da Folha. Reafirma-se que a motivação das montadoras é “controlar tudo diretamente”.
A revista suspeita, também, que a KirchMedia tenha que buscar na tv a cabo a receita necessária para cobrir os “6 bilhões de reais” gastos na compra de 75% da Slec. As equipes, no entanto, maiores investidoras da categoria, precisariam da tv aberta para que a visibilidade de suas marcas compensasse o que foi despejado na competição.
Infelizmente, Veja mantinha o hábito que perdura até hoje de revelar o mínimo sobre suas fontes: “Na tentativa de abortar o nascimento de um campeonato rival, a Kirch comprometeu-se a manter o sinal disponível para negociações com TVs abertas, mas poucos (poucos? Quantos, exatamente? Quem, exatamente?) acreditam que poderá honrar esse compromisso”.
Mais uma suspeita: “Depois de gastar 2,4 bilhões de reais para ter o monopólio da transmissão das próximas duas Copas do Mundo de Futebol, Leo Kirch, dono da companhia, deu-se conta de que o valor foi alto demais”. Claro que a revista esqueceu-se de considerar que uma copa do mundo é feita a cada quatro anos, e dura menos de um mês, enquanto a F1...
Mas isso é outra história.
Título e informações: Veja (5 dez. 2001 – Diogo Schelp)
Veja publicou sua matéria sobre o caso justamente na época da criação oficial da GPWC. Há uma breve retrospectiva do caso: a Slec renovou os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 por mais de 100 anos; as montadoras não possuem ações da Slec e estas não estão à venda; logo, as montadoras não possuem os direitos comerciais e de transmissão da Fórmula 1 para os próximos 100 anos.
As informações ‘quentes’ são as mesmas presentes na notícia da Folha. Reafirma-se que a motivação das montadoras é “controlar tudo diretamente”.
A revista suspeita, também, que a KirchMedia tenha que buscar na tv a cabo a receita necessária para cobrir os “6 bilhões de reais” gastos na compra de 75% da Slec. As equipes, no entanto, maiores investidoras da categoria, precisariam da tv aberta para que a visibilidade de suas marcas compensasse o que foi despejado na competição.
Infelizmente, Veja mantinha o hábito que perdura até hoje de revelar o mínimo sobre suas fontes: “Na tentativa de abortar o nascimento de um campeonato rival, a Kirch comprometeu-se a manter o sinal disponível para negociações com TVs abertas, mas poucos (poucos? Quantos, exatamente? Quem, exatamente?) acreditam que poderá honrar esse compromisso”.
Mais uma suspeita: “Depois de gastar 2,4 bilhões de reais para ter o monopólio da transmissão das próximas duas Copas do Mundo de Futebol, Leo Kirch, dono da companhia, deu-se conta de que o valor foi alto demais”. Claro que a revista esqueceu-se de considerar que uma copa do mundo é feita a cada quatro anos, e dura menos de um mês, enquanto a F1...
Mas isso é outra história.
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Sunday, August 10, 2008
GPWC – “Montadoras cumprem ameaça e formalizam F-1 paralela em 2008”
Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
No fim do ano, as montadoras parecem estar falando sério. Tanto que criaram formalmente, na Suíça, a empresa GPWC Holding B. V.. A sigla vem de Grand Prix World Championship, ou seja “Campeonato mundial de Grand Prix”. Ou seja, uma categoria de monopostos que não é a Fórmula 1.
A incumbência da holding foi criar uma categoria automobilística do zero até 2008. Nada fácil, mas repara quem assinou embaixo da GPWC: Fiat (Ferrari), DaimlerChrysler (McLaren), Renault, Ford (Jaguar), BMW.
Para presidir a nova empresa, claro, Paolo Cantarella, da montadora italiana. Em comunicado, demonstram eloqüência: “O projeto visa canalizar toda a receita gerada com os GPs para as equipes (...) Queremos, antes de tudo, beneficiar os participantes da categoria. Com transparência”.
A Folha de S. Paulo faz bem em explicar o contexto de tal declaração: “Atualmente, a divisão de todo o dinheiro que entra na F-1 é feita pela SLEC, criada por Bernie Ecclestone e vendida neste ano para Leo Kirch, do grupo KirchMedia”.
E pensar que quando a Fórmula 1 largou esse ano, em Melbourne, o paddock estava tão tranqüilo...
Título e informações: Folha de S. Paulo
No fim do ano, as montadoras parecem estar falando sério. Tanto que criaram formalmente, na Suíça, a empresa GPWC Holding B. V.. A sigla vem de Grand Prix World Championship, ou seja “Campeonato mundial de Grand Prix”. Ou seja, uma categoria de monopostos que não é a Fórmula 1.
A incumbência da holding foi criar uma categoria automobilística do zero até 2008. Nada fácil, mas repara quem assinou embaixo da GPWC: Fiat (Ferrari), DaimlerChrysler (McLaren), Renault, Ford (Jaguar), BMW.
Para presidir a nova empresa, claro, Paolo Cantarella, da montadora italiana. Em comunicado, demonstram eloqüência: “O projeto visa canalizar toda a receita gerada com os GPs para as equipes (...) Queremos, antes de tudo, beneficiar os participantes da categoria. Com transparência”.
A Folha de S. Paulo faz bem em explicar o contexto de tal declaração: “Atualmente, a divisão de todo o dinheiro que entra na F-1 é feita pela SLEC, criada por Bernie Ecclestone e vendida neste ano para Leo Kirch, do grupo KirchMedia”.
E pensar que quando a Fórmula 1 largou esse ano, em Melbourne, o paddock estava tão tranqüilo...
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Friday, August 8, 2008
GPWC – “União Européia aceita acordo e sela paz com F-1”
Os fatos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
Enquanto a Fórmula 1 vive momentos de tensão administrativa, a FIA se vê aliviada, pois, no fim de outubro, a Comissão de Competitividade Econômica da União Européia encerrou o inquérito que movia contra a entidade.
Foram quatro anos de investigações da relação entre FIA e FOM, acusadas de monopólio que violaria regras de competição econômica. Os esforços eram capitaneados pelo ex-comissário da UE, Karel Van Miert. Em certos momentos, as tensões chegaram a tal nível que a FIA ameaçava deixar de lado todas as etapas européias do calendário.
Quando Van Miert deixou o cargo, a situação se acalmou. O fim do caso se deu, segundo a UE, porque a FIA aceitou retirar “algumas restrições impostas a emissoras de tv e a proprietários de circuitos”.
Título e informações: Folha de S. Paulo
Enquanto a Fórmula 1 vive momentos de tensão administrativa, a FIA se vê aliviada, pois, no fim de outubro, a Comissão de Competitividade Econômica da União Européia encerrou o inquérito que movia contra a entidade.
Foram quatro anos de investigações da relação entre FIA e FOM, acusadas de monopólio que violaria regras de competição econômica. Os esforços eram capitaneados pelo ex-comissário da UE, Karel Van Miert. Em certos momentos, as tensões chegaram a tal nível que a FIA ameaçava deixar de lado todas as etapas européias do calendário.
Quando Van Miert deixou o cargo, a situação se acalmou. O fim do caso se deu, segundo a UE, porque a FIA aceitou retirar “algumas restrições impostas a emissoras de tv e a proprietários de circuitos”.
Wednesday, August 6, 2008
GPWC – “Kirch amplia domínio sobre transmissão de Fórmula 1”
Os fatos narrados nesta seção ocorreram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha e S. Paulo
Após o rebuliço inicial, entre março e junho, o caso foi perdendo espaço na mídia. O segundo semestre chegou, com ele também os atentados de 11 de setembro, a indefinição sobre a etapa de Indianápolis que terminou por ocorrer normalmente, e, finalmente, o fim do campeonato.
E foi após a prova japonesa que chegou a notícia de que a EM.TV cedeu definitivamente sua parte das ações da Slec à sua congênere KirchMedia. Leo Kirch, que sempre fora o mais ativo dos sócios na Slec, passou a possuir 75% das ações. Sabidamente persona non grata entre as montadoras, a ameaça de cisão sobre a Fórmula 1 voltava a pairar sobre o circo.
Título e informações: Folha e S. Paulo
Após o rebuliço inicial, entre março e junho, o caso foi perdendo espaço na mídia. O segundo semestre chegou, com ele também os atentados de 11 de setembro, a indefinição sobre a etapa de Indianápolis que terminou por ocorrer normalmente, e, finalmente, o fim do campeonato.
E foi após a prova japonesa que chegou a notícia de que a EM.TV cedeu definitivamente sua parte das ações da Slec à sua congênere KirchMedia. Leo Kirch, que sempre fora o mais ativo dos sócios na Slec, passou a possuir 75% das ações. Sabidamente persona non grata entre as montadoras, a ameaça de cisão sobre a Fórmula 1 voltava a pairar sobre o circo.
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Friday, August 1, 2008
GPWC – “As novas donas do circo”
Os acontecimentos narrados nesta seção ocorreram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Racing (13 de junho de 2001 – Venício Zambelli)
A revista Racing tira o assunto de suas colunas e os coloca em uma matéria. Por não ser diária, deu-se ao luxo de explicar os pormenores mais didaticamente e colocar fotos estouradas sem a mínima necessidade.
Ainda assim, um trecho do texto cama a atenção: “Para garantir a transmissão e outros interesses, a única solução seria que elas tomassem poder da maioria das ações da Slec, para que tocassem da maneira como quisessem a categoria. Mas caso não seja possível, uma nova Fórmula 1 surgirá. A Primeira Categoria Global (Premier Global Series), como informa a Acea”.
Um box enxertado na reportagem explica a TV digital, grande aposta da FOM no final dos anos 90 para a Fórmula 1 nas transmissões européias, que funcionavam em sistema pay-per-view (a transmissão usual continuava, claro, em tv aberta). “Nos países em que já se utiliza a televisão digital (...), a cobertura é ainda mais ampla (...). Você pode escolher de qual câmera quer assistir [a corrida]”.
No fim de 2001, a tv digital foi desativada. Considerada um fracasso financeiro, como aliás, todas as tentativas prévias de colocar corridas em transmissões pagas (aqui tem um exemplo).
Já o nome Premier Grand Prix durou menos ainda: a Acea tratou logo de substituí-lo por Grand Prix World Championship, ou, simplesmente, GPWC.
Título e informações: Racing (13 de junho de 2001 – Venício Zambelli)
A revista Racing tira o assunto de suas colunas e os coloca em uma matéria. Por não ser diária, deu-se ao luxo de explicar os pormenores mais didaticamente e colocar fotos estouradas sem a mínima necessidade.
Ainda assim, um trecho do texto cama a atenção: “Para garantir a transmissão e outros interesses, a única solução seria que elas tomassem poder da maioria das ações da Slec, para que tocassem da maneira como quisessem a categoria. Mas caso não seja possível, uma nova Fórmula 1 surgirá. A Primeira Categoria Global (Premier Global Series), como informa a Acea”.
Um box enxertado na reportagem explica a TV digital, grande aposta da FOM no final dos anos 90 para a Fórmula 1 nas transmissões européias, que funcionavam em sistema pay-per-view (a transmissão usual continuava, claro, em tv aberta). “Nos países em que já se utiliza a televisão digital (...), a cobertura é ainda mais ampla (...). Você pode escolher de qual câmera quer assistir [a corrida]”.
No fim de 2001, a tv digital foi desativada. Considerada um fracasso financeiro, como aliás, todas as tentativas prévias de colocar corridas em transmissões pagas (aqui tem um exemplo).
Já o nome Premier Grand Prix durou menos ainda: a Acea tratou logo de substituí-lo por Grand Prix World Championship, ou, simplesmente, GPWC.
Tuesday, July 29, 2008
GPWC – “Fábricas da Europa vão ter empresa para gerir F-1 própria a partir de 2008”
Os acontecimentos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
Ecclestone parecia não ter mesmo intenção de vender as ações da Slec pertencentes á FOM para as montadoras.
Já as montadoras, em maio, começavam a pensar em 2008. Uma empresa seria criada como o ponta-pé inicial para uma “nova categoria de monopostos de rodas descobertas”, como divulgava a Acea, associação das montadoras européias. À frente da Acea, sempre Paolo Cantarella e a Fiat (dona da equipe-vedete da categoria, diga-se de passagem).
Nas entrelinhas, sempre o medo de a Fórmula 1 passar para o sistema pay-per-view: “o objetivo é promover o esporte e torná-lo acessível ao maior número de pessoas possível no mundo”.
E então? Projeto sério ou puro lobby? Façam suas apostas...
Título e informações: Folha de S. Paulo
Ecclestone parecia não ter mesmo intenção de vender as ações da Slec pertencentes á FOM para as montadoras.
Já as montadoras, em maio, começavam a pensar em 2008. Uma empresa seria criada como o ponta-pé inicial para uma “nova categoria de monopostos de rodas descobertas”, como divulgava a Acea, associação das montadoras européias. À frente da Acea, sempre Paolo Cantarella e a Fiat (dona da equipe-vedete da categoria, diga-se de passagem).
Nas entrelinhas, sempre o medo de a Fórmula 1 passar para o sistema pay-per-view: “o objetivo é promover o esporte e torná-lo acessível ao maior número de pessoas possível no mundo”.
E então? Projeto sério ou puro lobby? Façam suas apostas...
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Saturday, July 26, 2008
GPWC – “FIA cede direitos da F-1 por mais 100 anos”
Os acontecimentos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
Previamente negociado, antes mesmo de a KirchMedia comprar as ações da Slec, o acordo foi formalizado no fim de abril. O contrato anterior previa que a Slec deteria os direitos de transmissão da Fórmula 1 até 2010. O novo acordo dava à mesma empresa tais direitos em 2011 e nos 99 anos seguintes.
Em Paris, local da ratificação, estavam representantes das três empresas detentoras da Slec: EM.TV, KirchMedia e FOM. Às turras com a Comissão Européia, que acusava o órgão de monopólio, a FIA respirou aliviada com o acordo, soltando em comunicado: “O contrato é um passo importante para preencher os requisitos da Comisão Européia, que defende a separação das nossas atividades comerciais e esportivas”. De fato, houve boa repercussão em Bruxelas.
Ao assinar este acordo, as três detentoras da Slec concordaram com uma cláusula imposta à FIA pelas montadoras: que a Fórmula 1 deve ser mantida em tv aberta.
Ora, se isto ficou previsto em acordo, por que então as montadoras mantinham seus planos e montar uma nova categoria?
Ainda a resposta virá mais pra frente, mas já é possível adiantar alguns dados: A EM.TV e a KirchMedia, no que diz respeito às tais ações, estavam sob controle de uma só pessoa, Leo Kirch. Para garantir cem anos de transmissão, ele gastou US$313 milhões. Os gastos totais desde a compra das ações da Slec já chegavam a US$3,1 bilhões para o conglomerado de mídia alemão. Como cobrir tais custos rapidamente?
Título e informações: Folha de S. Paulo
Previamente negociado, antes mesmo de a KirchMedia comprar as ações da Slec, o acordo foi formalizado no fim de abril. O contrato anterior previa que a Slec deteria os direitos de transmissão da Fórmula 1 até 2010. O novo acordo dava à mesma empresa tais direitos em 2011 e nos 99 anos seguintes.
Em Paris, local da ratificação, estavam representantes das três empresas detentoras da Slec: EM.TV, KirchMedia e FOM. Às turras com a Comissão Européia, que acusava o órgão de monopólio, a FIA respirou aliviada com o acordo, soltando em comunicado: “O contrato é um passo importante para preencher os requisitos da Comisão Européia, que defende a separação das nossas atividades comerciais e esportivas”. De fato, houve boa repercussão em Bruxelas.
Ao assinar este acordo, as três detentoras da Slec concordaram com uma cláusula imposta à FIA pelas montadoras: que a Fórmula 1 deve ser mantida em tv aberta.
Ora, se isto ficou previsto em acordo, por que então as montadoras mantinham seus planos e montar uma nova categoria?
Ainda a resposta virá mais pra frente, mas já é possível adiantar alguns dados: A EM.TV e a KirchMedia, no que diz respeito às tais ações, estavam sob controle de uma só pessoa, Leo Kirch. Para garantir cem anos de transmissão, ele gastou US$313 milhões. Os gastos totais desde a compra das ações da Slec já chegavam a US$3,1 bilhões para o conglomerado de mídia alemão. Como cobrir tais custos rapidamente?
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Thursday, July 24, 2008
GPWC – “Carta do Editor” de Sergio Quintanilha
Informações: Racing (18 de abril de 2001)
Sergio Quintanilha, na época editor da revista Racing, comentou em sua coluna alguns detalhes da situação. Em primeiro lugar, trata dos 75% das ações da Slec pertencentes aos grupos de mídia alemães, ambas sob o comando de Leo Kirch. “Acontece que a negociação havia sido feita com Thomas Haffa. Este, à beira da falência, passou a EM.TV a Kirch”.
“O mais incrível é que a tal Slec ainda deve US$ 360 milhões à FIA. Ou seja, Mosley pode romper o contrato e passar a Fórmula 1 ao controle da Acea (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis) no futuro próximo”.
Na mesma edição, Nelson Piquet, que assinava regularmente uma coluna na revista, comentou o assunto. Na época, ele se dedicava a falar mal de Rubens Barrichello e exaltar conquistas brasileiras nas categorias de base. E foi ao mencionar o talento destes pilotos na Fórmula 3000 que roçou a questão: “Torço para que não sucumbam ao redemoinho que ameaça a categoria”.
Sergio Quintanilha, na época editor da revista Racing, comentou em sua coluna alguns detalhes da situação. Em primeiro lugar, trata dos 75% das ações da Slec pertencentes aos grupos de mídia alemães, ambas sob o comando de Leo Kirch. “Acontece que a negociação havia sido feita com Thomas Haffa. Este, à beira da falência, passou a EM.TV a Kirch”.
“O mais incrível é que a tal Slec ainda deve US$ 360 milhões à FIA. Ou seja, Mosley pode romper o contrato e passar a Fórmula 1 ao controle da Acea (Associação dos Construtores Europeus de Automóveis) no futuro próximo”.
Na mesma edição, Nelson Piquet, que assinava regularmente uma coluna na revista, comentou o assunto. Na época, ele se dedicava a falar mal de Rubens Barrichello e exaltar conquistas brasileiras nas categorias de base. E foi ao mencionar o talento destes pilotos na Fórmula 3000 que roçou a questão: “Torço para que não sucumbam ao redemoinho que ameaça a categoria”.
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Tuesday, July 22, 2008
GPWC – “Montadoras ameaçam sair da F-1 e inventar categoria”
Os acontecimentos narrados nesta seção aconteceram entre os anos de 2001 e 2002.
Título e informações: Folha de S. Paulo
A sorte está lançada. No início de março de 2001, outro grupo de mídia alemão, KirchMedia, compra uma fatia das ações da Slec. O grupo, juntamente com a EM.TV, eram duas das maiores operadoras de pay-per-view européias.
As montadoras reagiram por dois motivos: primeiro, não sobrou Slec para elas – Ecclestone ainda detinha 25% das ações, através da Formula One Management (FOM), e, procurado pelas fábricas, havia estipulado um preço nas alturas.
Mas também havia outra preocupação: o retorno dos bilhões investidos por elas na categoria vem da publicidade. Com duas operadoras de pay-per-view no controle da Fórmula 1, nada as impediria de colocar as transmissões neste sistema.
Leo Kirch, dono da KirchMedia, assinou um compromisso de que iria manter as transmissões em sinal aberto, embora poucos tenham acreditado. Por isso, a Acea, asociação de montadoras na Europa, divulgou um comunicado no início de abril anunciando a criação de um novo campeonato. Faziam parte da Acea: Fiat (representando a Ferrari), Ford (dona da Jaguar), Renault (que acabara de comprar a Benetton), DaimlerChrysler (associada à McLaren) e BMW (na época com a Williams querendo comprá-la).
A manutenção do sinal em tv aberta era a bandeira do grupo, cujo porta-voz e presidente da Fiat evocava: “Dedicamos muita energia a este esporte, que gera grande audiência no mundo. Queremos um futuro organizado para que todos possam acompanhar as corridas”.
O campeonato, porém, não poderia ser colocado em prática antes de 2007, por força do Pacto da Concórdia, acordo costurado no início dos anos 80 para manter a Fórmula 1 unida.
A FIA acompanhava o caso à distância, tentando permanecer neutra.
Título e informações: Folha de S. Paulo
A sorte está lançada. No início de março de 2001, outro grupo de mídia alemão, KirchMedia, compra uma fatia das ações da Slec. O grupo, juntamente com a EM.TV, eram duas das maiores operadoras de pay-per-view européias.
As montadoras reagiram por dois motivos: primeiro, não sobrou Slec para elas – Ecclestone ainda detinha 25% das ações, através da Formula One Management (FOM), e, procurado pelas fábricas, havia estipulado um preço nas alturas.
Mas também havia outra preocupação: o retorno dos bilhões investidos por elas na categoria vem da publicidade. Com duas operadoras de pay-per-view no controle da Fórmula 1, nada as impediria de colocar as transmissões neste sistema.
Leo Kirch, dono da KirchMedia, assinou um compromisso de que iria manter as transmissões em sinal aberto, embora poucos tenham acreditado. Por isso, a Acea, asociação de montadoras na Europa, divulgou um comunicado no início de abril anunciando a criação de um novo campeonato. Faziam parte da Acea: Fiat (representando a Ferrari), Ford (dona da Jaguar), Renault (que acabara de comprar a Benetton), DaimlerChrysler (associada à McLaren) e BMW (na época com a Williams querendo comprá-la).
A manutenção do sinal em tv aberta era a bandeira do grupo, cujo porta-voz e presidente da Fiat evocava: “Dedicamos muita energia a este esporte, que gera grande audiência no mundo. Queremos um futuro organizado para que todos possam acompanhar as corridas”.
O campeonato, porém, não poderia ser colocado em prática antes de 2007, por força do Pacto da Concórdia, acordo costurado no início dos anos 80 para manter a Fórmula 1 unida.
A FIA acompanhava o caso à distância, tentando permanecer neutra.
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Wednesday, July 16, 2008
GPWC – “Montadoras tentam acerto com Ecclestone”
Título e informações: Folha de S. Paulo
O nome do problema tem quatro letras: S-L-E-C. É como se chama uma a empresa de um senhor chamado Bernie, que batizou seu empreendimento como homenagem à esposa: SLavica ECclestone (quando foi criada, Slavica era a proprietaria da empresa, pelo menos no papel).
Esta empresa é a holding que controla comercialmente a Fórmula 1. Em 2000, a FIA havia cedido à SLEC este direito de controle por mais cem anos. Para isto, a entidade deveria receber US$60 milhões, que não foram pagos.
No início de 2001, especulava-se, como forma de se livrar desta incômoda pendência, Ecclestone colocava à venda parte das ações da SLEC. Um ano antes, o grupo de mídia alemão EM.TV já havia comprado 50% da empresa.
Tendo sido colocada outra parte à venda, as montadoras sentiram-se atraídas, tendo “formado um consórcio”. Um dos que participavam das negociações era Paolo Cantarella, presidente da Fiat, dona da Ferrari.
Ecclestone querendo se aposentar? Uma transição de poderes na Fórmula 1, passando do inglês às grandes empresas automotivas? Era mais ou menos isso o que parecia na época.
Ecclestone não se aposentou até hoje.
O nome do problema tem quatro letras: S-L-E-C. É como se chama uma a empresa de um senhor chamado Bernie, que batizou seu empreendimento como homenagem à esposa: SLavica ECclestone (quando foi criada, Slavica era a proprietaria da empresa, pelo menos no papel).
Esta empresa é a holding que controla comercialmente a Fórmula 1. Em 2000, a FIA havia cedido à SLEC este direito de controle por mais cem anos. Para isto, a entidade deveria receber US$60 milhões, que não foram pagos.
No início de 2001, especulava-se, como forma de se livrar desta incômoda pendência, Ecclestone colocava à venda parte das ações da SLEC. Um ano antes, o grupo de mídia alemão EM.TV já havia comprado 50% da empresa.
Tendo sido colocada outra parte à venda, as montadoras sentiram-se atraídas, tendo “formado um consórcio”. Um dos que participavam das negociações era Paolo Cantarella, presidente da Fiat, dona da Ferrari.
Ecclestone querendo se aposentar? Uma transição de poderes na Fórmula 1, passando do inglês às grandes empresas automotivas? Era mais ou menos isso o que parecia na época.
Ecclestone não se aposentou até hoje.
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Tuesday, July 15, 2008
GPWC
Esta série vai falar, principalmente, do campeonato de 2001 de Fórmula 1, mas não aquele campeonato mostrado na tv, em que Michael Schumacher venceu após 17 provas, com 123 pontos, e no qual Coulthard foi vice-campeão fazendo 65 pontos.
Esta competição foi mais silenciosa e, talvez, mais importante até mesmo que o outro, disputado com carros e nas pistas. Se este teve Schumacher e Ralf, Montoya, Hakkinen e Barrichello; os grandes nomes do outro são Paolo Cantarella, Leo Kirch e... Bernie Ecclestone. Sem Ferrari, Williams ou McLaren, mas com SLEC, KirchMedia e EM.TV.
E por que isto é tão importante assim? Ora, porque se esta história tivesse um final diferente, o campeonato de Fórmula 1 deste ano seria bem diferente... Aliás, seriam dois os campeonatos: a Fórmula 1 e o "Mundial de Grand Prix".
O período politicamente mais tenso da categoria após a assinatura do Pacto da Concórdia será dissecado através de recortes de jornais da época. Caso queira penetrar neste esgoto lotado de ratos vestindo Armani, seja bem-vindo...
Esta competição foi mais silenciosa e, talvez, mais importante até mesmo que o outro, disputado com carros e nas pistas. Se este teve Schumacher e Ralf, Montoya, Hakkinen e Barrichello; os grandes nomes do outro são Paolo Cantarella, Leo Kirch e... Bernie Ecclestone. Sem Ferrari, Williams ou McLaren, mas com SLEC, KirchMedia e EM.TV.
E por que isto é tão importante assim? Ora, porque se esta história tivesse um final diferente, o campeonato de Fórmula 1 deste ano seria bem diferente... Aliás, seriam dois os campeonatos: a Fórmula 1 e o "Mundial de Grand Prix".
O período politicamente mais tenso da categoria após a assinatura do Pacto da Concórdia será dissecado através de recortes de jornais da época. Caso queira penetrar neste esgoto lotado de ratos vestindo Armani, seja bem-vindo...
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