A piada já foi reproduzida pelo Ico em uma coluna no GP Total, retirada do Red Bulletin. Um médico diz ao paciente que ele tem apenas três meses de vida. Atônito, o paciente pergunta ao médico o que deve fazer. “Você pode ir a um GP da Hungria”, responde. “Isso vai me curar, doutor?”, replica o paciente. “Não, mas uma corrida lá, parece que leva anos para terminar...”.
Esta é a visão que o mundo das corridas tem da Hungria: o paradigma da monotonia, realizado todos os anos basicamente porque Bernie Ecclestone ganha muito dinheiro com ele. Além disso, é a corrida “de casa” de finlandeses, poloneses e, de vez em quando, austríacos.
Mas nem sempre foi assim. Dizem que tudo começa no início dos anos 80, quando Ecclestone inicia projetos ambiciosos: fazer uma corrida em Nova York e outra em Moscou. A etapa no centro do capitalismo foi mudada para Dallas, que só foi realizada uma vez. Já a corrida do Leste recaiu sobre Budapeste, a partir de 1986 (ainda uma economia fechada, portanto), cidade que fazia 30 anos que fora invadida por tanques soviéticos e nunca foi totalmente simpática às diretrizes moscovitas. E ela está até hoje no calendário...
Como palco, foi construída Hungaroring, não muito bem projetada para grandes emoções, mas na medida certa para as câmeras de tv e, mais importante, lento e envolto em brita, seria preciso fazer muita força para alguém morrer ali – um luxo, na época.
Além disso, seria a primeira vez que a Fórmula 1 cruzaria a Cortina de Ferro (convenhamos, as motos iam e vinham constantemente...). A equipe alemã Zakspeed, patrocinada pelos cigarros West – os mesmos das McLaren, de 1997 a 2005 -, sempre pintava um de seus carros com East (“Leste”) ao correr na Hungria e na Alemanha Ocidental (Hockenheim).
Nos primeiros anos de Hungria, podia-se chamar as corridas de muita coisa, menos de ‘monótonas’. Teve aquela ultrapassagem surreal de Piquet em Senna em 1986, briga ininterrupta pela ponta em 1988, com o vencedor chegando a metros do segundo colocado, Mansell vitorioso depois de partir do décimo segundo lugar em 1989...
Em 1990, a Zakspeed deixou de existir. Nem a piadinha com o East e West seria possível, já que o bloco comunista começava a ruir. Como o Muro...
Desde então, grandes pegas no Leste viraram artigos de luxo. Ok, tivemos Damon Hill liderando com uma Arrows até uma volta antes do fim, a primeira vitória do Alonso e uma corrida maluca na única vez que choveu, em 2006. Mas, em geral, sempre são duas horas tão modorrentas quanto o calor que faz às margens do Danúbio.E até os mais ferrenhos neoliberais hão de concordar que o GP da Hungria era melhor na época dos Trabants, dos Ladas e da Vita Cola.
Qual seria a solução? O retorno bolchevique? Não iria tão longe. Para mim, bastaria riscar a Hungria do calendário, pois seu charme era estar do outro lado, ser transgressora. Desde a queda do muro, ela é só mais um ponto no mapa, cujo passado de conquistas nos automóveis está enterrado. Mas Bernie Ecclestone ganha muito dinheiro com ela...
Esta é a visão que o mundo das corridas tem da Hungria: o paradigma da monotonia, realizado todos os anos basicamente porque Bernie Ecclestone ganha muito dinheiro com ele. Além disso, é a corrida “de casa” de finlandeses, poloneses e, de vez em quando, austríacos.
Mas nem sempre foi assim. Dizem que tudo começa no início dos anos 80, quando Ecclestone inicia projetos ambiciosos: fazer uma corrida em Nova York e outra em Moscou. A etapa no centro do capitalismo foi mudada para Dallas, que só foi realizada uma vez. Já a corrida do Leste recaiu sobre Budapeste, a partir de 1986 (ainda uma economia fechada, portanto), cidade que fazia 30 anos que fora invadida por tanques soviéticos e nunca foi totalmente simpática às diretrizes moscovitas. E ela está até hoje no calendário...
Como palco, foi construída Hungaroring, não muito bem projetada para grandes emoções, mas na medida certa para as câmeras de tv e, mais importante, lento e envolto em brita, seria preciso fazer muita força para alguém morrer ali – um luxo, na época.
Além disso, seria a primeira vez que a Fórmula 1 cruzaria a Cortina de Ferro (convenhamos, as motos iam e vinham constantemente...). A equipe alemã Zakspeed, patrocinada pelos cigarros West – os mesmos das McLaren, de 1997 a 2005 -, sempre pintava um de seus carros com East (“Leste”) ao correr na Hungria e na Alemanha Ocidental (Hockenheim).
Nos primeiros anos de Hungria, podia-se chamar as corridas de muita coisa, menos de ‘monótonas’. Teve aquela ultrapassagem surreal de Piquet em Senna em 1986, briga ininterrupta pela ponta em 1988, com o vencedor chegando a metros do segundo colocado, Mansell vitorioso depois de partir do décimo segundo lugar em 1989...
Em 1990, a Zakspeed deixou de existir. Nem a piadinha com o East e West seria possível, já que o bloco comunista começava a ruir. Como o Muro...
Desde então, grandes pegas no Leste viraram artigos de luxo. Ok, tivemos Damon Hill liderando com uma Arrows até uma volta antes do fim, a primeira vitória do Alonso e uma corrida maluca na única vez que choveu, em 2006. Mas, em geral, sempre são duas horas tão modorrentas quanto o calor que faz às margens do Danúbio.E até os mais ferrenhos neoliberais hão de concordar que o GP da Hungria era melhor na época dos Trabants, dos Ladas e da Vita Cola.
Qual seria a solução? O retorno bolchevique? Não iria tão longe. Para mim, bastaria riscar a Hungria do calendário, pois seu charme era estar do outro lado, ser transgressora. Desde a queda do muro, ela é só mais um ponto no mapa, cujo passado de conquistas nos automóveis está enterrado. Mas Bernie Ecclestone ganha muito dinheiro com ela...